Após a transferência do Regimento Infantaria 1 (RI 1) para Beja em 2015, o Quartel da Atalaia (QA), na cidade de Tavira, ficou praticamente desactivado, mantendo apenas uma reduzida guarnição para a sua conservação e segurança.
A decisão, visando o encerramento definitivo desta Unidade, por já não corresponder às necessidades das FA, foi há muito tomada, pelo que o destino a dar a estas instalações não pode deixar de constitui uma séria preocupação para todos os tavirenses.
Este imponente edifício pombalino encontra-se bem conservado e permitirá uma facilitada adaptação a novos usos e com custos não excessivos.
Entendemos que se deve afastar liminarmente a alienação do QA para fins hoteleiros, equipamento turístico ou outro de análoga natureza, como já foi aventado.
A situação geográfica do QA, no casco velho de uma das mais atraentes cidades do Sul, de grande tradição histórico/cultural, segura e hospitaleira, exemplarmente preservada, próxima da fronteira e do aeroporto (cerca de 20 Km) coloca o QA na vanguarda das opções para um equipamento cultural de grande envergadura.
A cidade economicamente dependente da oferta turística, com a sua população em acelerado envelhecimento, com limitada oferta de emprego para os jovens, necessita de um polo produtor de riqueza.
O QA dispõe de condições únicas para suprir a profunda lacuna que resulta da ausência de um qualificado Centro Cultural ao sul do Tejo, onde se sediem indústrias culturais e criativas. Ao dar-se tal destino às instalações, Tavira e o Sotavento algarvio passarão a dispor de uma estrutura de elevada valia, consonante com os objectivos definidos na anteriormente citada Estratégia Regional de Investigação para a Especialização Inteligente.
Um centro cultural, e, em sua complementaridade, um estabelecimento de ensino artístico, com estreita ligação à Universidade do Algarve, configurando todo o conjunto um “Cluster Cultural”, visando fomentar o desenvolvimento económico, criar emprego, fixar uma população jovem e atrair um turismo qualificado.
Tal irá permitir que nele sejam criadas condições que permitam e potenciem o desenvolvimento da criatividade e das artes, posicionando Tavira e o Algarve como um prestigiado destino turístico/cultural. E Tavira passará a dispor duma infra-estrutura que induz uma vitalidade durante todo o ano, proporcionadora de emprego. Cabe aqui referir a importante relação que Tavira sempre estabeleceu com artistas, quer nacionais quer estrangeiros, que aqui procuram residência ou estadia.
É neste contexto, na sequência da transferência do Regimento, que surgiu um movimento de opinião visando que o Quartel da Atalaia seja cedido ao município para aí serem criadas diversas valências culturais e outras que forem consideradas adequadas.
Tal movimento tem vindo a ter receptividade de cidadãos dos mais variados quadrantes, sendo transversal aos vários grupos sociais e a várias forças politicas locais. A sua divulgação e o inerente debate está em crescendo, em artigos de imprensa e nas redes sociais, e tem vindo ter manifestação de adesão dos tavirenses.
A adequabilidade do espaço apresenta-se da maior evidência, afastando eventuais propósitos de procurar obter fundos para construção de infra-estruturas destinadas ao mesmo fim. No QA realçam-se especialmente as suas características únicas, arquitectónicas, históricas e de localização, perfeita e facilmente adaptáveis aos fins que se preconizam, a custos moderados.
Conscientes da justeza desta iniciativa e da urgência na sua implementação, contamos que o desígnio do interesse da região seja motivação suficiente para o abraçar autárquico desta causa, que, conforme se detalhou, constituirá um polo dinamizador do desenvolvimento de Tavira e de toda a região, configurando-se como um gerador de emprego, e promotor de nova vitalidade e de prosperidade para a nossa cidade, que assim se verá projectada como a cidade dos museus, a cidade da cultura.
(Continua)