Embora não assuma as proporções do passado, a infestação provocada por piolhos (pediculose) ainda é uma preocupação, sobretudo em crianças na escola; é uma infestação muito comum entre crianças, principalmente no ensino pré-escolar e básico, podendo provocar disseminação entre os membros da família e os cuidadores. Os piolhos transmitem-se pelo contacto direto, cabeça a cabeça – através do cabelo de uma pessoa pode contaminar-se outra – ou através de objetos infestados, como bonés, escovas e pentes. Esta é uma transmissão que está facilitada nas escolas, uma vez que a aglomeração de crianças e o contacto próximo entre elas permite a rápida e fácil propagação dos parasitas. Os sinais de alerta são a comichão na cabeça (prurido, principalmente na nuca e, por vezes, atrás das orelhas); aparecimento de crostas e pequenas feridas na cabeça, provocadas pela picada do piolho; sensação de que alguma coisa está em movimento na cabeça.
A prevenção e o controlo da pediculose dependem de medidas como a informação e o aconselhamento dos pais, famílias e cuidadores e pela educação das crianças; a identificação o mais cedo possível dos indivíduos infestados; o seu tratamento e a avaliação da eficácia do mesmo. Não se deve dramatizar na sensibilização, a infestação não significa falta de higiene e não é necessário rapar a cabeça, o que não significa que não se providenciem cuidados: com os irmãos da criança, os companheiros de sala de aula e brincadeira, informar a escola da presença de piolhos no educando para prevenir os pais das outras crianças. Esta prevenção também requer disciplina: não partilhar objetos pessoais, lavar a roupa a temperaturas elevadas (mais de 60ºC), lençóis e toalhas de quem está com piolhos; passar periodicamente o pente fino pela cabeça da criança.
O tratamento da pediculose da cabeça consiste na aplicação de pediculicidas, que eliminam os piolhos e lêndeas, e/ou a utilização de pentes finos que permita a remoção dos mesmos. Os pediculicidas apresentam-se sobre a forma de champôs, loções e cremes e na maioria dos casos é aconselhada a repetição do tratamento aproximadamente uma semana. Está desaconselhado o uso de remédios caseiros. Por exemplo, os pais devem ser desencorajados em relação ao uso de tratamentos não convencionais para os piolhos: lavar o cabelo com bastante água fria, como pensam algumas pessoas, não irá remover as lêndeas.
A escolha do pediculicida não é arbitrária, deve ser sempre personalizada, não há medicamento que não possa suscitar reações adversas e neste caso: irritação, prurido, vermelhidão e/ou irritação cutânea, tonturas e cefaleias, entre outras. Importa não esquecer que a maioria dos antiparasitários são pesticidas, o mesmo é dizer que a sua aplicação requer prudência.
Concluído o tratamento, é indispensável verificar se o antiparasitário foi efetivo: escovar o cabelo com pente de dentes finos e verificar se os piolhos estão mortos; observe-se que as lêndeas, depois de mortas, continuam coladas ao cabelo.
Compete ao farmacêutico dar conselho sobre o modo de aplicação do antiparasitário, indicar a duração do tratamento e esclarecer como se verifica se este resultou, e até como agir no caso de ocorrer uma reinfestação.
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