Encontrei num artigo da revista Farmácia de Distribuição uma boa definição de obstipação ou prisão de ventre: problema de saúde que se manifesta pela diminuição da frequência da defecação ou pela dificuldade de evacuar devido à consistência das fezes excessivamente duras; problema de saúde que afeta um grande número de pessoas, em todas as idades, com maior relevo na gravidez e na idade avançada; entre as causas mais comuns podemos referir: hábitos e estilos de vida (diminuição da atividade física, cansaço ou viagens), doenças do tubo digestivo, doenças endócrinas e metabólicas, abuso de laxantes, miopatias – a gravidez também é uma causa de obstipação. Estamos a falar da mais comum das perturbações gastrointestinais. Convém não esquecer que dentro dos erros habituais no estilo de vida têm importância a fraca ingestão de alimentos com fibras, a insuficiente ingestão de água e o abuso de alimentos sem resíduos.
Há medicamentos que podem favorecer a obstipação: os antiácidos (cálcio e alumínio, por exemplo), medicamentos para as cólicas, anticonvulsivantes, analgésicos, diuréticos, calmantes (como benzodiazepinas), alguns anti-hipertensores e os próprios laxantes.
Falemos agora dos laxantes, destinam-se a corrigir uma situação ocasional, mas o seu uso deve ser sempre temporário (não se devem usar laxantes por muito tempo sem a recomendação do médico). Os laxantes mais agressivos atuam por irritação do intestino; há laxantes que se destinam a ser administrados por via retal (supositórios ou clisteres). O grupo de laxantes baseados nas fibras é recomendado para os tratamentos mais prolongados e poderá ser usado na grávida sob recomendação médica; os laxantes mais irritantes não devem ser usados mais de uma semana. Não se fie no conselho de familiar ou amigo; se estiver a tomar medicamentos, pergunte ao seu farmacêutico se algum deles pode ser responsável pela prisão de ventre e informe-o sobre os sintomas que acompanham a prisão de ventre (dores abdominais e vómitos podem ser motivo para uma consulta médica, consulta que é um imperativo quando persistem os sintomas, quando há alternância de episódios de prisão de ventre e diarreia ou mesmo defecação involuntária; não insista na toma de laxantes: recorde-se de que o seu abuso poderá ser responsável por uma prisão de ventre crónica.
Trate esta questão dos laxantes com o devido respeito porque a escolha não é assunto de somenos importância, há problemas sérios de segurança. Não se deve tomar leite de magnésio, supositórios de glicerina, Microlax ou Dulcolax, por exemplo, só porque resultou bem no amigo ou vizinho. A escolha passa pela forma farmacêutica, pela composição, pelas características da prisão de ventre. Os laxantes não são todos iguais, a sua potência é variável e variáveis são os seus efeitos secundários. Uma grávida, um idoso, um doente desidratado ou uma criança não podem tomar laxantes potentes porque ocasionam perda de água e sais minerais, provocando um desequilíbrio eletrolítico que pode ser grave, com perda de sódio, potássio e de água. Os laxantes em supositórios ou clisteres, se usados dias a fio ou repetidamente, são irritantes para o ânus e não devem ser usados pelas pessoas com doença intestinal ou hemorroidal, porque agravam as situações. As crianças não devem usar qualquer tipo de laxante, assim como os idosos, porque são mais sensíveis à eliminação de água e sais minerais. E há laxantes que pela sua composição possuem substâncias que se podem acumular nos doentes com insuficiência renal e que podem ser tóxicos para o coração e sistema nervoso.
Não peça laxantes sem primeiramente pedir conselho farmacêutico ou seguir a prescrição do seu médico.