É graças à promoção para a saúde que se confere aos cidadãos os meios para eles terem um maior controlo sobre a sua própria saúde e preservá-la com o recurso a estratégias onde se combinam ações que vão desde o tipo educativo, passando pelas decisões políticas, a legislação e até os aspetos organizacionais que deem apoio a que haja estilos de vida mais saudáveis. Dentro dessa multiplicidade de estratégias, há que esperar que os cidadãos ganhem entusiasmo pela literacia em Saúde.
É hoje consensual que esta literacia favorece a autonomia da pessoa, reduz a morbilidade, incita a novas preocupações com os hábitos alimentares e a recusa do tabaco e drogas, do excesso de álcool, mas também propicia o gosto por estar informado sobre os mais elementares gestos em Saúde.
Tudo isto me ocorreu a propósito de uma brochura que encontrei sobre a prevenção e vigilância do cancro do intestino em que uma autarquia (Odivelas), de colaboração com a Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva e uma empresa farmacêutica (a Pfizer) produziram uma interessantíssima brochura. Diz-se o que é o cólon (intestino grosso), o papel fisiológico do reto, alerta-se para o facto de 95% de todos os casos de cancro do intestino surgirem a partir de um tipo de pólipo benigno, o adenoma, comentando que só um em cada dez adenomas degenera em cancro.
A ciência não sabe tudo, desconhecem-se ainda as razões que levam alguns dos pólipos a evoluir para cancro, isto para enfatizar que não é possível prever a ocorrência desta transformação maligna. Conclusão: a remoção endoscópica sistemática dos pólipos do intestino grosso é medida preventiva e eficaz de cancro colo-retal.
Elencam-se os sintomas, não deixando de se dizer que os pólipos não dão sintomas, os sintomas que mais frequentes são a perda de sangue ou alterações do funcionamento intestinal. Quanto aos fatores de risco, é dito que o cancro do intestino grosso afeta tanto homens como mulheres e pode surgir em qualquer idade, mas há outros fatores: consumo excessivo de carne vermelha e gordura animal; consumo excessivo de álcool; obesidade; tabagismo.
O que mais protege é o exercício físico, é a dieta rica em vegetais e frutas e outras fontes de fibra, a ingestão de alimentos ricos em cálcio, o consumo de peixe, um conjunto de atitudes que se chamam estilos de vida saudáveis.
A prevenção do cancro do intestino tem em conta uma medida importante que é a identificação das lesões que precedem o cancro – os pólipos. A colonoscopia permite a remoção dos pólipos benignos. É recomendado o rastreio do cancro do intestino a partir dos 50 anos de idade, com realização de uma colonoscopia de cinco em cinco anos. A colonoscopia é um exame realizado através de um aparelho com a forma de um tubo flexível que pode permitir a observação de todo o intestino grosso, este aparelho tem componentes que permitem colher, durante a observação, pequenos fragmentos de tecido (biópsias) e proceder ao tratamento de diversos tipos de lesões como os pólipos.
O exame decorre com o doente deitado em posição confortável e descontraída. O médico introduz o aparelho através do ânus e vai progredindo lentamente ao longo do intestino grosso. Este exame é usualmente bem tolerado.
Leia também: As dietas da moda: umas perigosíssimas, as outras problemáticas | Por Mário Beja Santos