O jardim que habitas, com texto de M. Carmen Aznar e ilustrações de Raquel Catalina, é uma das novidades da AKIARA, como sempre publicadas em 3 línguas, e que chega aos leitores portugueses com tradução de Maria João Moreno. Este é um dos dois poemários agora publicados pela editora, num formato especial e, como sempre, numa edição de produção própria, quase artesanal, e pensada de forma ecológica, o que resultam em livros sempre únicos, apelativo na estética e no toque.
«As mulheres
são autênticas jardineiras.
São elas as cuidadoras
dos seus belos jardins habitados,
desses pedacinhos
de natureza próxima,
semeados de vida e poesia.»
O jardim que habitas é um álbum íntimo e feminino, onde se cruza o percurso de vida de uma semente, até se transformar numa frondosa amendoeira, cujos braços são capazes de segurar baloiços. Mas ao longo dos XV cantos deste poema, a narradora conta a sua própria história, pois à história da semente corresponde também a de um bebé que, ao longo do livro, cresce e passa pelos vários estádios.
A partir da metáfora do jardim (esse “pedacinho de selva” tão livre quanto controlado), brota este poemário que percorre assim a vida inteira de uma mulher e o texto recitativo, de vocabulário (mais) complexo (ou não tão simples para os mais novos, o que é uma boa forma de lhes ensinar novas palavras). Um jardim que é também um desejo e uma lembrança de um tempo de antes, de quando a própria autora se perdia no jardim da sua avó.
No site da editora podemos encontrar algumas frases na primeira pessoa, por parte da autora, da ilustradora e da tradutora.
M. Carmen Aznar reconta: “Nasci numa noite de tempestade, quando acabava o mês de maio e a década de 1970. Cresci com livros nas mãos e poesia nos bolsos. Escutava poemas, lia poemas e, muito cedo, comecei a inventá-los.
Gostava de visitar os meus avós, que viviam numa casa térrea com jardim. Desde então, tenho o costume de me meter em jardins dos quais, às vezes, se torna difícil sair. Também gosto de convidar para lanchar todos os personagens fantásticos que rondam na minha cabeça. Diante de um chá quentinho, passamos a tarde a escrever histórias.”
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