Em obediência a elementares mecanismos democráticos, seria de esperar que o Secretário-Geral do PS, no tocante ao Orçamento de Estado, revelasse aos portugueses o sentindo de voto do seu partido, bem como as razões a ele subjacentes, após o órgão supostamente com competência na matéria, a respetiva Comissão Política Nacional, o ter discutido e aprovado.
Todavia, aquilo a que se assistiu foi a um secretário-geral a vir, previamente, a público anunciar a «recomendação» que à dita Comissão Política iria fazer dum voto abstencionista, mas com a opinião pública a percecionar, contudo, que a reunião desta para discutir e decidir a natureza final do voto a recair sobre o Orçamento de Estado não passaria dum simples «faz de conta democrático», sendo a recomendação uma certeza antecipada, com uns, por isso, a respirarem de alívio com a abstenção que viabilizaria o Orçamento de Estado e outros nem por isso, antes pelo contrário.
Uma perceção que se viria a confirmar com a Comissão Política do PS a votar “unanimemente” a abstenção sugerida, ainda que “custosamente”, conforme palavras do seu presidente
Uma perceção que se viria a confirmar com a Comissão Política do PS a votar «unanimemente» a abstenção sugerida, ainda que «custosamente», conforme palavras do seu presidente, mas com a promessa de que o partido passaria a fazer uma oposição «dura» ao Governo (assim como a modos de quem tendo deixado entrar um convidado indesejado na boda dum casamento, promete, contudo, duramente, evitar que ele à mesa se sente, quiçá usando um martelinho de plástico para na cabecinha lhe bater, como nos arraiais de S. João).
Nada, pois, como assistir-se, para engrandecimento da Democracia, a disfuncionalidades decisórias como a atrás registada e prometidos duros combates oposicionistas delas decorrentes!
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