O Dia Mundial da Luta contra o Cancro é assinalado anualmente, a 4 de fevereiro, por iniciativa da União Internacional de Controlo do Cancro, de forma a chamar a atenção para a importância da sua prevenção e do seu tratamento.
Anualmente, são promovidas iniciativas que chegam a todo o mundo, para sensibilizar as pessoas e ajudar a prevenir milhões de mortes.
Esta data foi criada pela World Summit Against Cancer for the New Millenium, em fevereiro de 2000, e baseia-se na Carta de Paris – um documento que apela à união e parceria entre investigadores, profissionais de saúde, doentes, governos e parceiros da indústria para a prevenção e tratamento do cancro.
A Comissão Europeia lançou o «Plano Europeu de Luta contra o Cancro» que define quatro pilares para o combate ao cancro na União Europeia: prevenção, diagnóstico precoce, tratamento e cuidados continuados.
Segundo um relatório da OMS – Cancer Country Profile – em Portugal foram diagnosticados cerca de 58 mil casos de cancro em 2018.
De acordo com o mesmo estudo, os tipos de cancro mais comuns em Portugal foram o cancro da mama, cancro da próstata, cancro do cólon e reto e cancro do pulmão – sendo estes dois últimos os responsáveis pelo maior número de mortes.
Em Portugal, a incidência de casos de cancro aumenta cerca de 3% por ano e, segundo a Agência para a Investigação do Cancro da Organização Mundial de Saúde (OMS), 1 em cada 4 pessoas tem fatores de risco para a doença oncológica.
O cancro é uma das principais causas de morte no mundo. Mas, segundo a OMS, 30% a 50% dos cancros podem ser prevenidos. A prevenção é, a longo prazo, a estratégia mais eficiente para controlar o cancro.
Podemos ajudar a prevenir o cancro alterando ou evitando fatores de risco, ao adotar hábitos e comportamentos saudáveis.
Segundo o SNS 24, a mortalidade associada a estes tipos de cancro tem vindo a diminuir devido aos rastreios oncológicos. Em Portugal, há um programa de rastreio comunitário oncológico a 3 tipos de cancro: cancro da mama, cancro colorretal e cancro do colo do útero.
A experiência de viver com um diagnóstico de cancro e com o seu tratamento, o medo de uma possível recaída e o sofrimento colocam desafios àqueles que com ela se confrontam. Não esquecendo, também, os pilares de apoio, os familiares e os cuidadores que também vivenciam esta doença. O acompanhamento psicológico é fundamental para lidar com o impacto que o cancro tem nas pessoas que vivem e sobrevivem à doença. Um Psicólogo pode ajudar a melhorar a qualidade de vida, potenciando a saúde psicológica. No site www.encontreumasaida.pt, promovido pela Ordem dos Psicólogos Portugueses, pode encontrar a ajuda de um profissional próximo de si.
Hoje em dia, ninguém precisa de viver com sofrimento. Existe uma resposta adequada e personalizada para cada caso, em que a pessoa doente é vista como um todo. Estas equipas são especializadas em cuidados paliativos.
Para muitas pessoas, ainda há o estigma e o medo do doente ser acompanhado por equipas de cuidados paliativos. Há uma permanente associação à fase final da vida porque, devido à falta de conhecimento sobre estes cuidados, os doentes são referenciados demasiado tarde, muitas vezes, perto da morte. Certa de que esta conotação se prende à tardia referenciação dos doentes para estas equipas que têm como base aliviar o sofrimento do ser humano.
Os cuidados paliativos, enquanto equipa multidisciplinar, são uma parte importante da assistência aos doentes com cancro. Apesar de não serem exclusivos para doentes oncológicos, podem ser um apoio importante para quem é confrontado com um diagnóstico oncológico, pois visam aliviar e controlar os sintomas e, por isso, tratam os sintomas consequentes da doença e dos efeitos adversos do tratamento. Estes sintomas podem ser dor, náusea, fadiga e ansiedade. Também incluem apoio psicológico para doentes e para as suas famílias, bem como orientação sobre questões sociais.
É crucial que os cuidados paliativos sejam iniciados o mais cedo possível, mesmo encontrando- se a fazer tratamento dirigido à doença. Isso permite que os doentes e as suas famílias consigam preparar-se melhor para o que está por vir e lidar melhor com os efeitos colaterais do tratamento. É importante que os doentes com cancro tenham acesso a cuidados paliativos de qualidade e que esses cuidados sejam integrados com o tratamento do cancro. Os profissionais de saúde devem trabalhar em equipa para garantir que os doentes recebam o melhor cuidado possível.
Apesar de o nome ser o mesmo, cada cancro é um cancro. A fase em que este se encontra e a resposta deste aos tratamentos dirigidos influenciam o prognóstico. Perante a doença, do espreitar da morte, há pessoas que escolhem viver com qualidade de vida, focando-se no controlo de sintomas, de modo a conseguirem fazer aquilo que lhes dá prazer e o que é realmente importante. Por isso, independentemente do desfecho, no cancro não há vencedores, nem vencidos, há um processo que é comum a todos. Todos passam pelo choque, dúvidas e angústias, fatores intrínsecos e inevitáveis no ser humano.
E nós, enquanto sociedade, temos o dever de minimizar todo o sofrimento e acompanhá-los ao longo deste caminho que é a vida.