A Despedida é inevitável. Directa ou indirecta, consciente ou não, ela acontecerá. Fazemos parte integrante da natureza instalada nos confins do Universo, não podemos sair desta realidade, tudo o demais não conheceremos.
Todos os dias nos despedimos de alguém ou de alguma coisa. Ao longo da vida já vimos muitas despedidas motivadas por factos sempre repetidos nesta jangada à deriva no Espaço.
Licenciado em Economia pelo ISEG – Lisboa; mestre em Educação de Adultos e Desenvolvimento Comunitário pela U. Sevilha; professor aposentado
A Despedida pode ser concretizada por um ‘beijo’, um ‘aperto de mão’, um ‘até amanhã’, um ‘adeus’, um ‘olhar’, uma ‘refeição’, uma saudação, um sorriso enigmático e melancólico de infinita felicidade ou um ‘vou descansar’. Não há uma fórmula estabelecida, há apenas um acaso da vida. Nunca se sabe o dia da despedida, apenas o próprio pode ter, em algumas circunstâncias, uma noção da partida. Tudo é ‘turvo’ até àquele momento em que a passagem pelo estado de independência relativa termina. Deixa de haver ventos e tempestades, luxo, riqueza, importância, formosura ou bem-estar, todo o vazio será preenchido por quem não partiu. Mesmo aqueles que querem partir não formulam a despedida, mas ela acontece, para a encontrar basta alguém se recordar de alguns pormenores.
Despedir é difícil porque mostra o quão nada somos, a dificuldade surge pelo confronto com a nossa própria realidade e não apenas pelo distanciamento infinito do outro que finalmente chega ao ponto de partida, o Nada, aquilo que sempre seremos. Somos o que sempre fomos, para termos esse conhecimento absoluto basta olharmos para o Universo sobre o qual não conseguimos discernir sobre o princípio nem o fim.
A Despedida marca o momento depois do qual já não há nada que se possa dizer, apenas que tínhamos muito para dizer, mas não há retrocesso. De nada serve fingir que fingíamos, de nada serve acreditarmos neste ou naquele Senhor, a realidade suplanta todas essas crenças.
Se houvesse um momento formal de Despedida o que mudaria? Talvez maior consciência do efémero, talvez mais cinismo, mais amargura ou mais incoerência, talvez um momento sublime, ficaremos eternamente na dúvida.
A Despedida é um momento muito especial que passa quase sempre despercebido.
Leia também: A situação de ‘reformado’ | Por Daniel Graça