Esta aldeia esquecida voltou agora a ser notícia, ao surgir no mercado com um preço que impressiona: 9 milhões de euros. Trata-se da Herdade do Pereiro, um espaço que em tempos foi um verdadeiro exemplo de autossuficiência e dinamismo económico, mas hoje encontra-se ao abandono.
Situada junto à fronteira com Espanha, esta aldeia no Alentejo está desabitada desde os anos 90, mas já conheceu dias de intensa actividade e grande vitalidade. O que resta hoje é uma vila fantasma, com casas devolutas e sinais de abandono, mas com uma história rica que continua a despertar curiosidade.
Mil trabalhadores e uma comunidade completa
No seu auge, a herdade chegou a acolher cerca de mil trabalhadores. Era uma comunidade completa, com habitações, escola, creche, capela, cantina, spa e até um campo de aviação. Toda a estrutura foi pensada para funcionar de forma independente, servindo os que ali viviam e trabalhavam.
Histórias da II Guerra Mundial em pleno Alentejo
Além da componente agrícola, a Herdade do Pereiro teve também um papel relevante no contexto histórico da região. Durante a Segunda Guerra Mundial, a sua pista de aviação foi utilizada como ponto estratégico para o contrabando entre Portugal e Espanha.
Primeira licença de casino em Portugal
A Herdade do Pereiro pode bem ser apelidada de “Las Vegas do Alentejo” devido ao seu passado único e pouco comum para uma aldeia no interior do país. Segundo o Jornal de Notícias, foi, surpreendentemente, a primeira localidade em Portugal a receber uma licença de jogo e casino, o que lhe conferiu um ar de sofisticação e mistério. A herdade tinha um salão de jogos bastante grande, que atraía pessoas de fora, em busca de diversão e entretenimento.
Um empresário visionário à frente do projecto
A propriedade foi adquirida em 1931 por João Nunes Sequeira, um dos empresários mais influentes do Alentejo na época. O seu primeiro investimento foi uma fábrica de pimenta, mas rapidamente diversificou a actividade com lagares de azeite, adegas, oficinas e moinhos.
Habitação, serviços e lazer ao dispor dos trabalhadores
O desenvolvimento económico trouxe consigo a necessidade de criar condições de vida para os trabalhadores e suas famílias. Por isso, foram construídas infraestruturas sociais e de lazer, que ajudaram a manter a população unida e motivada.
Termas centenárias davam fama à localidade
Uma das maiores atrações da zona era o complexo termal da Fadagosa, entregue a João Nunes Sequeira em 1942. Com mais de um século de história, os banhos termais foram durante décadas uma referência na região.
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Beleza natural e grande potencial por explorar
A beleza natural que rodeia a herdade continua a ser um dos seus maiores trunfos. Apesar do abandono, o potencial do espaço para projectos turísticos, agrícolas ou patrimoniais mantém-se elevado.
Território extenso com infraestruturas recuperáveis
Hoje, a área habitacional ocupa cerca de 20 mil metros quadrados e está inserida numa propriedade com 80 hectares, onde predominam o olival e o sobreiro. Mesmo com o passar dos anos, a estrutura base permanece visível e recuperável.
Despovoamento ditou o fim de um modelo único
Com o declínio da actividade e a saída progressiva dos habitantes, a vila entrou num processo de degradação acentuado. No entanto, quem visitar o local percebe que ainda há margem para revitalizar este pedaço de história.
Venda representa desafio e oportunidade
Apesar de não existirem, para já, informações sobre interessados na compra, a venda da Herdade do Pereiro abre uma nova possibilidade para dar vida ao espaço e reabilitar esta aldeia.
Reabilitar com respeito pela história local
Recuperar esta aldeia não será fácil, mas o seu valor simbólico e histórico pode ser um ponto de partida para um novo capítulo. É uma oportunidade para reescrever o destino de um local que já foi exemplo de progresso e inovação.
O futuro da Herdade do Pereiro está agora nas mãos de quem quiser sonhar com uma nova vida para este lugar. Resta saber se haverá alguém disposto a aceitar o desafio.
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