O aumento dos preços no cabaz alimentar em 2026 tornou-se uma certeza assumida pelo setor e confirmada pela liderança da Sonae MC, dona do Continente. De acordo com o portal de notícias ECO, as empresas de distribuição já tinham alertado para uma pressão crescente em várias matérias-primas, e agora o CEO da MC (Luís Moutinho) reforça que, perante inflação, os preços aplicados nos supermercados Continente terão de acompanhar a tendência.
Luís Moutinho sublinhou que esta evolução decorre de fatores estruturais que atingem diversos produtos, como carne, peixe, fruta, legumes, cacau e café. “Os preços têm de subir. Se há inflação, os preços têm de subir”, afirmou, garantindo que “não há outro remédio” e que a empresa espera níveis inflacionistas mais estáveis, embora ainda suficientes para obrigar a ajustes no próximo ano.
Mudanças num mercado altamente competitivo
O retalho alimentar opera com margens reduzidas, o que limita a capacidade de absorver aumentos de custos sem repercussão no consumidor. Durante uma apresentação em que também detalhou o plano de expansão com a abertura de 100 lojas e a criação de 3.000 postos de trabalho, o CEO afirmou que o Continente continuará a procurar ter “o melhor preço do mercado”.
Acrescenta a publicação que a necessidade de concorrer com operadores internacionais, com destaque para o reforço do Lidl e a expansão da Mercadona, tem acelerado a aposta em marca própria. A taxa de penetração destes produtos já ronda os 35% em valor no Continente, ainda abaixo dos 48% que representam no conjunto da grande distribuição nacional, embora em quantidade já ultrapassem metade das compras.
Leitura dos dados e o peso da concorrência
Refere a mesma fonte que uma análise comparativa interna da MC mostra diferenças curtas entre os preços mínimos e máximos praticados no país. O intervalo médio é de oito pontos percentuais, contra 14 em França e 27 no Reino Unido, o que, segundo o responsável, demonstra uma pressão concorrencial intensa e uma disputa permanente pela quota de mercado.
Durante os anos de maior inflação, principalmente em 2022 e 2023, o retalho absorveu parte do impacto, reduzindo margens. Luís Moutinho recorda que “a inflação a montante foi superior àquela que tivemos a jusante com os consumidores”, defendendo que Portugal mantém uma estrutura de preços competitiva, dependente de propostas de valor ajustadas.
Papel dos produtores e a questão da escala
Conforme a mesma fonte, o líder da MC garante que esta gestão de preços não resulta de pressão sobre fornecedores, mas de trabalho conjunto. Entre os parceiros, encontram-se produtores nacionais a quem a empresa comprou 620 milhões de euros no último ano, sendo que 83% dos produtos vendidos no Continente têm origem em Portugal.
O ECO explica ainda que, perante concorrentes com maior dimensão internacional, a liderança do Continente no mercado nacional, estimada em 27% segundo a consultora Nielsen, permite acesso a condições de compra competitivas e volume suficiente para manter preços ajustados.
Em resposta a perceções de clientes sobre automatização e redução de equipas, o CEO sublinhou que soluções como o self-checkout têm como objetivo agilizar o atendimento. “Às vezes os clientes veem eficiências que nós não vemos. Acham que é para reduzir o número de pessoas, mas é para servi-las mais rapidamente”, afirmou.
















