Entre dois distritos de Portugal foi recentemente reaberta uma ponte com quase um século de história e que se pode atravessar a pé. A infraestrutura construída entre os anos de 1926 e 1927 tem agora 99 anos de idade e foi alvo de uma intervenção profunda que terminou no final de 2024, devolvendo à população e aos visitantes uma das estruturas mais singulares da região.
Dimensões e localização estratégica
A Ponte de Arame de Lourido, que atravessa o rio Tâmega e liga os concelhos de Celorico de Basto (Braga) e de Amarante (Porto), tem 55 metros de comprimento e 2,5 metros de largura. Atravessa o curso de água a uma altura de 50 metros, ligando diretamente as freguesias de Arnoia (Celorico de Basto) e Rebordelo (Amarante). A sua localização, próxima da Ecopista do Tâmega e da antiga estação ferroviária de Lourido, confere-lhe agora um novo potencial turístico.
As obras de reabilitação arrancaram em 2022 e prolongaram-se durante quase três anos. O projeto representou um investimento de cerca de 324 mil euros e foi desenvolvido pela Associação de Municípios do Douro e Tâmega (AMDT), em conjunto com as câmaras municipais de Amarante e Celorico de Basto.
Importância social e económica no século XX
Com o avançar dos tempos, a infraestrutura foi perdendo a sua funcionalidade inicial. No entanto, no início do século XX, a ponte teve um papel relevante na vida das populações locais, permitindo a ligação entre comunidades rurais e facilitando trocas económicas e sociais entre as duas margens do rio.
Na época da sua construção, o uso de materiais, como cabos de aço e madeira era considerado inovador. A estrutura foi concebida com o intuito de servir as necessidades agrícolas das aldeias vizinhas, mas também funcionava como via pedonal para o quotidiano dos habitantes.
Objetivo: transformar a ponte num ícone turístico
Durante a inauguração oficial da ponte reabilitada, em declarações ao jornal O Minho, José Peixoto Lima, presidente da Câmara Municipal de Celorico de Basto, afirmou: “hoje, queremos que se transforme num ícone turístico, numa referência nacional, pela beleza das paisagens, pelas suas caraterísticas únicas, pela realidade rural que a cerca”.
Além da recuperação da ponte, estão previstas outras intervenções para valorizar o espaço. Do lado de Celorico de Basto será criado um miradouro com vista panorâmica sobre o rio e a envolvente. Já em Amarante, vai ser construído um novo acesso em terra batida e um pequeno parque de estacionamento.
Facilitar o acesso aos visitantes
O objetivo destas intervenções é facilitar o acesso ao local e proporcionar uma melhor experiência aos visitantes. Segundo as entidades responsáveis, a melhoria dos acessos em ambas as margens permitirá aumentar a afluência de turistas, promovendo o património natural e histórico da região.
Recomendamos: Descubra a praia fluvial no sul do país que tem água a 25 graus e chapéus de sol ‘à borla’
A ponte de arame passa, assim, de uma função essencialmente utilitária para uma vocação mais centrada no lazer e no turismo. A sua requalificação insere-se numa estratégia mais ampla de valorização do território e preservação da memória coletiva.
Preservar a autenticidade da estrutura
A reabilitação foi feita respeitando as caraterísticas originais da estrutura, de forma a manter a autenticidade deste elemento patrimonial. Os trabalhos abrangeram também a substituição e reforço de componentes danificadas, garantindo maior segurança e estabilidade.
A aldeia de Lourido, que dá nome à ponte, também beneficiou desta intervenção. A estação ferroviária próxima foi igualmente alvo de obras de requalificação, contribuindo para dinamizar esta zona rural com novos fluxos de visitantes.
Memória histórica como pilar de desenvolvimento
A valorização da ponte insere-se num esforço conjunto dos municípios para preservar elementos históricos com significado para a identidade local. Com quase 100 anos, esta infraestrutura representa agora um símbolo de união entre passado e presente.
A expectativa das autarquias e da AMDT é que a nova vida da ponte contribua para o desenvolvimento sustentável do território, associando a tradição à dinamização económica e cultural. A ligação entre Amarante e Celorico de Basto, feita por esta ponte centenária, está agora renovada e pronta para acolher novas histórias.
Leia também: Viu um pano amarelo numa mota na berma da estrada? Saiba o que significa e o que deve fazer