Viajar de Nova Iorque a Londres em apenas 48 minutos poderá parecer ficção científica, mas a ideia voltou ao debate internacional devido às declarações recentes de Elon Musk, que voltou a defender a viabilidade de um túnel transatlântico com tecnologia de levitação magnética e tubos de vácuo.
O conceito envolve a construção de um túnel submarino com cerca de 5.000 quilómetros de extensão, onde comboios movidos a maglev (levitação magnética) circulam a velocidades superiores a 8.000 km/h, num ambiente selado de vácuo, para eliminar a resistência do ar.
O custo estimado do projecto rondaria os 20 biliões de euros, segundo declarações avançadas por Musk e citadas por meios internacionais.
Tecnologia futurista com desafios reais
O projecto de Elon Musk baseia-se em tecnologias já em desenvolvimento, como o hyperloop e os sistemas maglev utilizados em alguns países asiáticos, como explica o DrivingEco.
No entanto, o túnel entre dois continentes exigiria a sua implementação em condições extremas de profundidade e pressão oceânica, com vários quilómetros de profundidade no Atlântico Norte.
Além das dificuldades estruturais, manter um ambiente de vácuo estável ao longo de milhares de quilómetros representa um desafio técnico sem precedentes.
Acrescem preocupações com a gestão térmica, dado que velocidades hipersónicas gerariam calor significativo, obrigando a soluções avançadas de arrefecimento.
Financiamento e viabilidade económica
O valor estimado para a construção ultrapassaria largamente o custo de qualquer infraestrutura atualmente existente.
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O financiamento dependeria de cooperação internacional, investimentos públicos e privados em larga escala e de um retorno económico ainda por provar.
Especialistas continuam a considerar o projeto como altamente especulativo, embora reconheçam que avanços noutras áreas relacionadas podem vir a tornar algumas das soluções aplicáveis a contextos mais realistas, como ligações regionais de alta velocidade.
Hyperloop e maglev: avanços reais noutras frentes
Apesar do caráter futurista do túnel transatlântico, há progressos concretos em tecnologias similares.
A European Hyperloop Hub, por exemplo, realizou com sucesso o seu primeiro teste em 2024, enquanto a China atingiu os 1.002 km/h com o sistema T-Flight, em agosto do mesmo ano.
Organizações como a Hyperloop Association continuam a desenvolver sistemas de transporte sustentáveis e ultrarrápidos, com previsões de crescimento de mercado para o hyperloop na ordem dos 8 mil milhões de dólares até 2028, segundo dados do setor.
Impacto ambiental e questões de sustentabilidade
A dimensão do projeto levanta preocupações ambientais.
A construção de um túnel desta envergadura poderia ter impacto nos ecossistemas marinhos, para além da pegada de carbono associada à produção de materiais especializados.
No entanto, o uso de tecnologias limpas e isentas de combustíveis fósseis poderia, em contrapartida, representar uma redução significativa das emissões do transporte aéreo.
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