A época dos Descobrimentos Portugueses, entre os séculos XV e XVII, marcou a expansão marítima de Portugal e a exploração de novas rotas comerciais. Impulsionados pela busca de riquezas, conhecimento e expansão da fé cristã, navegadores portugueses desbravaram oceanos e chegaram a territórios desconhecidos, ligando continentes e culturas. Este período glorioso da nossa história deixou um legado profundo que ainda hoje é reconhecido a nível mundial. Neste artigo, dar-lhe-emos a conhecer uma ilha paradisíaca a 9.500 km de Portugal, mas que foi descoberta por um português nesta época.
A origem das Ilhas Maurício
As Ilhas Maurício, localizadas no Oceano Índico a cerca de 2.000 quilómetros da costa sudeste de África, são conhecidas pelas suas praias paradisíacas e águas cristalinas, mas também possuem uma história rica, que começou com a chegada dos navegadores portugueses no início do século XVI.
Acredita-se que o primeiro europeu a avistar as ilhas foi o explorador português Diogo Fernandes Pereira, por volta de 1507, durante uma viagem rumo às Índias. Mais tarde, em 1512, Pedro de Mascarenhas deu nome ao arquipélago das Mascarenhas, que inclui Maurício, Reunião e Rodrigues. Embora os portugueses nunca tenham colonizado a ilha, foram os primeiros a cartografá-la e a incluí-la nas rotas marítimas entre a Europa e o Oriente.
Nota: outras fontes que consultámos também nos dão uma teoria alternativa: foi Pedro de Mascarenhas que descobriu as ilhas pela primeira vez em 1505, pelo que a informação sobre quem lá chegou primeiro não é 100% clara, porém, é certo afirmar que as mesmas foram descobertas por um português.
A capital, Porto Luís, reflete a diversidade cultural que se desenvolveu ao longo dos séculos. No Mercado Central, os visitantes podem mergulhar na vida quotidiana dos habitantes locais, apreciando uma variedade de produtos frescos, especiarias e artesanato típico. O bairro histórico de Chinatown oferece uma experiência única, com ruas estreitas repletas de lojas tradicionais e restaurantes que servem iguarias chinesas adaptadas ao paladar mauriciano.
Entre os pontos de interesse histórico, destaca-se o Aapravasi Ghat, classificado como Património Mundial pela UNESCO. Este local foi o principal ponto de entrada para os trabalhadores indianos contratados após a abolição da escravatura, desempenhando um papel crucial na formação da identidade cultural da ilha. O Museu do Penny Azul é outro local a visitar, exibindo uma das mais raras e valiosas coleções de selos do mundo.
A arquitetura em Maurício e a influência portuguesa
A arquitetura de Maurício reflete a sua história como um ponto estratégico nas rotas comerciais coloniais, onde a influência portuguesa, embora breve, marcou o início da presença europeia. Posteriormente, neerlandeses, franceses e britânicos deixaram a sua marca, criando um estilo arquitetónico híbrido único, com materiais e técnicas adaptadas ao clima tropical.
A culinária de Maurício também revela esta fusão cultural, como refere o blog Ilhas Maurício. Pratos como o “daube” e o “civet de lièvre” mostram a prevalência da gastronomia francesa, enquanto a chegada de trabalhadores indianos e imigrantes chineses trouxe novos sabores e ingredientes à mesa mauriciana. A produção de rum, por exemplo, tem raízes na introdução da cana-de-açúcar pelos portugueses e posteriormente pelos neerlandeses.
A economia de Maurício evoluiu significativamente desde a sua independência em 1968. Inicialmente baseada na agricultura, especialmente na produção de açúcar, a economia diversificou-se para incluir os setores industrial, financeiro e turístico. A plantação de cana-de-açúcar ocupa 90% da área de terra cultivada e corresponde a 25% do total de exportação. O turismo tornou-se uma das principais atividades económicas, com a ilha a instituir a primeira zona franca do Oceano Índico.
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A literatura mauriciana
A literatura mauriciana é igualmente diversa, com autores escrevendo em francês, inglês, crioulo mauriciano e outras línguas. Destacam-se escritores como Malcolm de Chazal, Ananda Devi e Dev Virahsawmy, cujas obras refletem a complexa tapeçaria cultural da ilha.
No desporto, Maurício tem mostrado competitividade a nível regional, especialmente em competições realizadas entre os países do Índico. O futebol e o râguebi têm uma presença significativa, e em 2008, o país celebrou a sua primeira medalha olímpica, com Bruno Julie a conquistar o bronze no boxe.
A presença colonial deixou marcas profundas na sociedade mauriciana. Após a passagem dos portugueses, a ilha foi ocupada pelos neerlandeses em 1598, e finalmente pelos britânicos em 1810. Cada um destes períodos contribuiu para a diversidade cultural e para o desenvolvimento socioeconómico do arquipélago.
Além das praias de areia branca e águas cristalinas pelas quais é famosa, a ilha paradisíaca de Maurício (Mauritius) oferece uma variedade de atrações naturais. O Jardim Botânico de Pamplemousses é famoso pela sua coleção de plantas tropicais, incluindo nenúfares gigantes e várias espécies de palmeiras. O lago sagrado Grand Bassin é um importante local de peregrinação hindu, refletindo a profunda espiritualidade da população de origem indiana.
Para os entusiastas de atividades ao ar livre, esta ilha paradisíaca oferece oportunidades para caminhadas, mergulho e golfe. A prática do golfe na Île aux Cerfs é particularmente popular, proporcionando uma experiência única num cenário deslumbrante.
Os resorts de luxo
A hospitalidade mauriciana é evidente nos inúmeros resorts de luxo espalhados por esta ilha paradisíaca. Estes estabelecimentos oferecem não apenas acomodações de alta qualidade, mas também uma variedade de atividades culturais e recreativas que permitem aos visitantes mergulhar na rica herança da ilha.
O “séga”
A música e a dança também desempenham um papel vital na cultura de Maurício. O “séga”, um género musical de origem africana, é frequentemente acompanhado por danças vibrantes e é uma expressão da história e resiliência do povo mauriciano.
A diversidade religiosa é uma característica marcante da sociedade mauriciana. Templos hindus, mesquitas, igrejas e pagodes coexistem pacificamente, refletindo a harmonia entre as diferentes comunidades religiosas da ilha.
Um destino a visitar
As Ilhas Maurício são, portanto, um destino fascinante que combina uma beleza natural deslumbrante com um património cultural e histórico profundamente enraizado, no qual a presença portuguesa marcou o início de uma longa e complexa história de contactos entre a Europa, a África e a Ásia.
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