Durante décadas, o consumo de carne tem estado no centro de debates sobre saúde, nutrição e bem-estar. Se há quem procure opções mais leves, como o frango ou o peixe, outros preferem cortes mais tradicionais, como o lombo de vaca ou a costeleta de porco. Mas entre tantas escolhas possíveis, há uma que se destaca por um motivo muito específico: uma carne com alto teor de ferro.
O que é o ferro e por que é importante
O ferro é um mineral essencial para o organismo humano. Está envolvido na produção da hemoglobina, a proteína responsável por transportar oxigénio no sangue. A falta de ferro pode provocar cansaço extremo, falta de ar, tonturas e, em casos mais graves, anemia.
De acordo com a TuaSaúde, existem dois tipos principais de ferro nos alimentos: o ferro heme e o ferro não heme. O ferro heme, presente em alimentos de origem animal, é absorvido com mais facilidade pelo organismo. Já o ferro não heme, proveniente de fontes vegetais, tem uma taxa de absorção mais baixa e depende de outros nutrientes, como a vitamina C, para ser bem aproveitado.
Por isso, conhecer quais são os alimentos com maior teor de ferro heme é importante, sobretudo em idades mais avançadas, quando a capacidade de absorção e a produção de glóbulos vermelhos pode diminuir.
A carne com mais ferro: o fígado
Entre todas as opções disponíveis no talho, tal como a mesma fonte refere, há uma que se destaca de forma clara: o fígado. Seja de vaca, porco ou frango, o fígado é a carne com maior concentração de ferro heme. Uma porção de 100 gramas de fígado de vaca pode conter entre 5,7 e 6,4 miligramas de ferro, dependendo da forma como é cozinhado.
Outras carnes
Para comparação, a mesma quantidade de carne de vaca magra tem cerca de 2,5 miligramas. O frango e o peixe têm ainda menos. Isto significa que, em termos de ferro, o fígado ultrapassa largamente os cortes mais comuns que se encontram no prato dos portugueses.
Este elevado teor de ferro faz do fígado uma escolha habitual em dietas específicas para combater a carência deste mineral. Além disso, é uma carne acessível em termos de preço e fácil de encontrar.
Outros nutrientes presentes no fígado
Mas o fígado não é apenas rico em ferro. Trata-se de uma carne com elevada densidade nutricional. Contém quantidades significativas de vitamina A, vitamina B12, ácido fólico e zinco. Estes nutrientes são importantes para a saúde da visão, do sistema nervoso, da pele e do sistema imunitário.
A vitamina B12, tal como é dito pela TuaSaúde, é essencial para a formação de glóbulos vermelhos e para a manutenção das funções neurológicas. O ácido fólico é conhecido pelo seu papel na regeneração celular e no bom funcionamento do cérebro. Já o zinco é fundamental para a cicatrização e para a defesa do organismo contra infeções.
No entanto, devido ao seu teor elevado de vitamina A, o fígado deve ser consumido com moderação, sobretudo por grávidas, já que o excesso desta vitamina pode ter efeitos adversos.
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O consumo ao longo da vida
Com o passar dos anos, as necessidades nutricionais mudam. O corpo perde massa muscular com mais facilidade, o metabolismo abranda e a capacidade de absorção de certos minerais pode reduzir-se. Nesta fase da vida, manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes é ainda mais importante.
A carne com alto teor de ferro continua a possuir um papel central, já que a anemia é uma condição comum em adultos com mais de 60 anos. A inclusão de alimentos ricos em ferro heme pode ajudar a manter níveis adequados e a evitar sintomas como fadiga crónica ou perda de resistência física.
Consequências na sua saúde
Por outro lado, é também importante considerar a saúde cardiovascular e a função hepática. Por isso, embora o fígado seja rico em nutrientes, o consumo deve ser equilibrado e adaptado ao estado de saúde de cada pessoa.
O acompanhamento médico e nutricional é sempre recomendável quando se pretende ajustar a dieta a necessidades específicas. Uma análise ao sangue pode revelar carências que passem despercebidas no dia a dia, mas que afetam o bem-estar geral.
Curiosidades e tradições
O fígado já foi presença assídua na mesa dos portugueses, sobretudo em tempos em que se aproveitava o animal por completo. Era frito com cebola, servido com arroz ou até incluído em pratos mais elaborados. Com o tempo, caiu em desuso, talvez devido ao seu sabor intenso ou à sua textura, que nem todos apreciam.
Hoje em dia, ainda faz parte da gastronomia tradicional de várias regiões, e há receitas que continuam a ser passadas de geração em geração. Algumas famílias mantêm o hábito de incluir fígado na alimentação pelo menos uma vez por semana.
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