Um novo medicamento está a surpreender a comunidade médica pela sua capacidade de prevenir enxaquecas antes mesmo de se manifestarem. Um estudo clínico recente demonstrou que o fármaco pode atuar nas fases iniciais da condição, oferecendo alívio aos sintomas prévios à dor intensa.
A enxaqueca e as suas fases
A enxaqueca é uma condição neurológica que afeta cerca de 14 a 15% da população mundial. Este distúrbio, segundo o Leak, caracteriza-se por episódios de dor de cabeça intensa, mas vai além disso. As crises dividem-se em quatro fases distintas: pródromo, aura, ataque de dor e pósdromo. Cada uma destas etapas traz sintomas específicos, que podem prolongar o sofrimento por vários dias.
A fase de pródromo, que antecede a dor, manifesta-se através de sinais como sensibilidade à luz e ao som, náuseas, rigidez no pescoço, fadiga e até mesmo confusão mental.
Apesar destes sintomas perturbadores, os tratamentos tradicionais focam-se quase exclusivamente na fase de dor, deixando esta etapa inicial sem intervenção específica.
Estudo clínico revela eficácia
A investigação que trouxe este tratamento para o centro das atenções foi liderada pelo neurologista Peter Goadsby, do King’s College de Londres. O ensaio clínico contou com a participação de 438 voluntários, com idades entre os 18 e os 75 anos, todos diagnosticados com enxaquecas recorrentes.
Os participantes, tal como refere a mesma fonte, foram divididos em dois grupos: um recebeu o medicamento ao primeiro sinal de pródromo, enquanto o outro tomou um placebo. Posteriormente, os grupos inverteram os tratamentos para comparar os resultados de forma equilibrada.
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Efeitos avaliados
Os efeitos do medicamento foram evidentes numa questão de horas. Passada uma hora após a administração, os participantes relataram alívio na confusão mental.
Duas horas depois, segundo o Leak, a sensibilidade à luz reduziu-se, e ao fim de três horas, os sintomas de rigidez e dor no pescoço também diminuíram significativamente. Entre quatro e 24 horas, sintomas como tonturas e sensibilidade ao som foram igualmente atenuados.
Mecanismo de atuação do tratamento
Este novo tratamento pertence à classe dos antagonistas dos recetores do peptídeo relacionado com o gene da calcitonina (CGRP). Estes medicamentos bloqueiam substâncias que estão diretamente envolvidas nos processos que desencadeiam a enxaqueca.
Ao atuar nesta fase inicial, o fármaco não só evita a dor, mas também reduz os sintomas que muitas vezes antecipam o ataque, proporcionando maior qualidade de vida aos doentes.
A nova investigação, de acordo com a fonte anteriormente citada, reforça a teoria de que a origem da enxaqueca está no cérebro e não apenas nos vasos sanguíneos, como se acreditava anteriormente. Esta descoberta pode abrir portas para novos tratamentos focados em atuar preventivamente nas fases iniciais da condição.
Perspetivas futuras
Embora o estudo tenha centrado a sua análise na fase de pródromo, os investigadores acreditam que este tratamento pode ter impacto também nas fases de aura e pósdromo. Para isso, serão necessários novos ensaios clínicos que explorem a eficácia do medicamento nessas etapas.
A possibilidade de controlar os sintomas de enxaqueca antes de evoluírem para dor intensa representa uma mudança significativa na abordagem desta condição crónica.
Caso os futuros estudos confirmem esta eficácia nas restantes fases, este tratamento poderá estabelecer um novo paradigma no tratamento das enxaquecas, proporcionando alívio antecipado e menos limitações no dia a dia dos doentes.
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