O custo de vida neste país europeu está a atingir novos máximos, e os consumidores decidiram agir. O preço dos alimentos disparou nos últimos dois anos, levando a uma onda de protestos que culminou num boicote nacional aos maiores supermercados do país. Para quando em Portugal? Saiba mais neste artigo.
Aumento brutal nos preços dos alimentos
Segundo a agência governamental Statistics Sweden, o custo anual de alimentação de uma família na Suécia aumentou em até 30 mil coroas suecas (cerca de 2.700 euros). Os preços de produtos básicos, como o café, subiram mais de 25% desde o início do ano passado. Um pacote de café deverá em breve ultrapassar a marca simbólica das 100 coroas suecas (cerca de 9,13 euros).
Este aumento nos preços dos alimentos é o maior registado em dois anos. A subida fez disparar o descontentamento dos consumidores, que acusam os supermercados e os grandes produtores de aproveitarem a situação para aumentar os lucros. Os protestos rapidamente se espalharam pelas redes sociais, transformando-se num movimento nacional.
O boicote que parou os supermercados
O boicote, denominado “Bojkotta vecka 12” (Semana de boicote 12), teve início na segunda-feira passada e foi convocado para durar sete dias. Através de apelos nas redes sociais como TikTok e Instagram, milhares de suecos decidiram parar de fazer compras em grandes cadeias como Lidl, Hemköp, Ica, Coop e Willys.
Os manifestantes acusam as grandes cadeias de formarem um “oligopólio”, onde a falta de concorrência permite que os preços subam de forma descontrolada. “Não temos nada a perder, mas tudo a ganhar”, lia-se em vários posts de apoio ao boicote. Os consumidores acreditam que os gigantes da distribuição estão a lucrar milhões à custa das dificuldades das famílias suecas.
Filippa Lind, uma das figuras de destaque do movimento, explicou que o boicote é também um gesto de solidariedade para com os que estão a ser mais afetados pela inflação. “Os preços estão irracionalmente altos e o Governo precisa de agir para travar este oligopólio”, afirmou Lind.
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Produtos básicos atingidos por aumentos severos
De acordo com o site de monitorização de preços Matpriskollen, os preços do chocolate subiram 9,2% apenas no último mês. Os laticínios também registaram aumentos significativos: o queijo ficou 6,4% mais caro e o leite e o creme aumentaram 5,4%.
Estes aumentos estão a ter um impacto direto nos orçamentos das famílias suecas, que têm de fazer escolhas difíceis para conseguirem equilibrar as despesas mensais. A subida dos preços de alimentos essenciais está a tornar-se insustentável para muitas famílias de classe média e baixa.
Jenny Pedersén, porta-voz da Hemköp, tentou justificar a subida dos preços com fatores externos. “Há muitos elementos a afetar os preços dos alimentos, como a guerra, as tensões geopolíticas, os preços das matérias-primas, os custos de processamento e até as condições climáticas e as colheitas”, afirmou Pedersén.
Uma tendência que se espalha pela Europa
A crise do custo de vida não é um problema exclusivo da Suécia. Nas últimas semanas, registaram-se protestos semelhantes noutras partes da Europa. Em fevereiro, os consumidores na Bulgária boicotaram grandes cadeias de supermercados, levando a uma queda de quase 30% na faturação dessas empresas.
Em janeiro, um boicote na Croácia rapidamente se espalhou para países vizinhos como a Bósnia e Herzegovina, Montenegro e Sérvia. A inflação nos preços dos alimentos está a tornar-se um problema comum em toda a Europa, forçando os consumidores a adotar medidas drásticas.
O movimento sueco ganhou força devido ao impacto direto nos bolsos dos consumidores e à sensação de que os gigantes da distribuição estão a explorar a situação para aumentar os seus lucros. Os líderes do protesto exigem agora medidas concretas do Governo para controlar os preços e aumentar a concorrência no setor alimentar.
Filippa Lind sublinhou que o objetivo do boicote é forçar os políticos a intervirem. “Se o Governo não atuar, os preços vão continuar a subir e as famílias vão continuar a sofrer”, alertou. A estudante de Malmö acredita que o boicote pode ser o início de uma mudança mais profunda na política económica sueca.
Impacto do boicote
Por enquanto, o impacto direto do boicote ainda não foi quantificado. No entanto, a mobilização massiva dos consumidores está a gerar um debate nacional sobre o papel das grandes cadeias de distribuição na crise do custo de vida.
Os analistas acreditam que o boicote pode levar a uma revisão das políticas de preços e a um reforço da regulação do mercado. No entanto, os supermercados continuam a apontar causas externas para justificar o aumento dos preços.
O que diz o governo?
Enquanto o Governo sueco mantém silêncio sobre o tema, o movimento dos consumidores continua a crescer. O sucesso do boicote pode servir de exemplo para outros países europeus que enfrentam problemas semelhantes.
Os suecos mostraram que estão dispostos a lutar contra os preços abusivos. Resta agora saber se os supermercados e o Governo Sueco vão ouvir este grito de revolta.
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