A Europa, cada vez mais voltada para fontes de energia renovável, tem registado uma queda acentuada na produção interna de petróleo. No entanto, um país do centro do continente europeu está a destacar-se com descobertas consecutivas de novos campos de petróleo e com um crescimento expressivo na extração.
Produção europeia em declínio
De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a produção de petróleo na União Europeia representa menos de 1% da produção mundial e está muito aquém das necessidades energéticas do bloco.
Esta dependência externa tem vindo a acentuar-se, sobretudo após a guerra na Ucrânia, que obrigou os países europeus a diversificar urgentemente os seus fornecedores.
Segundo a mesma fonte, a maioria das reservas conhecidas encontra-se em declínio e os incentivos à descarbonização dificultam investimentos significativos em novos projetos de extração.
A exceção húngara
Neste contexto, a Hungria surge como uma exceção. Em 2024, o país ultrapassou, pela primeira vez em duas décadas, a marca de um milhão de toneladas de petróleo bruto produzido.
De acordo com o jornal económico espanhol elEconomista, a produção atingiu os 1,056 milhões de toneladas, um aumento de 13% em relação ao ano anterior e de 20% face a 2020.
Embora esta produção cubra apenas cerca de 15% do consumo interno húngaro, representa um avanço estratégico na busca pela autonomia energética.
Novos campos energéticos a surgir
Grande parte do crescimento deve-se à atividade da empresa MOL, principal operador energético do país. Conforme a mesma fonte, a empresa lidera várias operações de exploração, incluindo a descoberta de um campo junto ao rio Drava, em 2019, no sul da Hungria, uma das mais importantes das últimas três décadas.
Mais recentemente, a MOL anunciou outro achado na zona de Somogysámson, no oeste do país. Segundo a publicação, esta reserva poderá gerar até 1.200 barris de crude por dia. Estão igualmente em curso explorações nas regiões de Vecsés e Tura.
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Investimento prolongado até 2029
A MOL opera atualmente cerca de 1.300 poços neste país europeu, entre petróleo e gás natural. De acordo com o elEconomista, a empresa planeia investir cerca de 150 mil milhões de florins húngaros (aproximadamente 375 milhões de euros) até 2029, com o objetivo de expandir a produção e modernizar a infraestrutura energética nacional.
Em 2024, a MOL foi responsável por 47% da produção nacional de petróleo (cerca de 600.000 toneladas) e por quase 90% do gás natural extraído, cujo volume aumentou 7% em relação a 2023.
Autonomia como prioridade
Segundo o jornal, este crescimento tem sido acompanhado por uma narrativa governamental focada na segurança energética. A Hungria procura reduzir a dependência externa num momento em que o contexto geopolítico impõe uma maior resiliência e capacidade de resposta interna.
O governo húngaro tem reforçado publicamente a importância de aumentar a produção energética própria como forma de estabilizar os preços e garantir o abastecimento, mesmo em cenários de crise internacional.
Impacto europeu limitado, mas simbólico
Apesar de a escala da produção húngara ser modesta em termos globais, o seu exemplo tem valor simbólico e estratégico.
No continente europeu, onde a maioria dos países tem abandonado gradualmente a exploração de petróleo, a Hungria aposta em reforçar a produção interna enquanto mantém em paralelo compromissos com metas ambientais.
A coexistência entre a expansão de hidrocarbonetos e as exigências da transição energética levanta questões sobre o equilíbrio entre segurança, sustentabilidade e soberania energética, um debate que promete intensificar-se nos próximos anos.
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