Na Conferência dos Oceanos das Nações Unidas subordinada ao tema Ampliação da Ação Oceânica Baseada na Ciência e Inovação para a Implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14: Stocktaking, parcerias e soluções, organizada por Portugal e pelo Quénia, que se realizou em Lisboa de 7 de junho a 1 de julho, devido ao impacto negativo que o homem tem tido no oceano, foi decidido que o primeiro dos diálogos interativos do programa da Conferência seria para discutir os problemas da Poluição Marinha. A Poluição Marinha está diretamente relacionada com a meta 14.1 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14 – Proteger a Vida Marinha- que estabelece que até 2025 deve ser prevenida e reduzida consideravelmente a poluição marinha de todos os tipos incluindo o lixo marinho e caso não se tomem medidas de imediato dificilmente essa meta será cumprida.
A poluição devido à ação humana afeta todas as partes do oceano e contribui significativamente para as alterações climáticas, para a perda da biodiversidade e para a degradação dos ecossistemas. A poluição de origem marinha está diretamente relacionada com 90% do transporte de mercadorias que é feito por via marítima e inclui ainda as redes de pesca fantasma e os plásticos e microplásticos de várias origens.
Em 2020 foram gerados 2,24 biliões de detritos sólidos a nível mundial pensando atingir-se em 2050 3,8 biliões mas a quantidade desses detritos depende do nível de riqueza e das regiões do globo. O plástico é de longe o tipo de poluição mais prevalente e visível de lixo marinho representando globalmente 85% com um input anual de 1,15-2,14 milhões de toneladas de plástico a partir dos rios, contribuindo o lixo eletrónico com uma parte importante de plástico.
O impacto do plástico marinho para além do emaranhamento e da ingestão de lixo marinho pelas diferentes espécies inclui danos aos ecossistemas em particular aos recifes de coral e efeitos adversos à segurança marítima bem como à economia costeira resultante das perdas no setor do turismo e das pescas. Mais de 1400 espécies já foram severamente afetadas pelo plástico presente no oceano. No entanto, o conhecimento científico do efeito dos microplásticos (dimensão inferior a 5 milímetros) e dos nanopláticos (dimensão inferior a 100 nanometros) resultante da degradação dos macroplásticos ou fabricados com essas dimensões (por exemplo utilizados em produtos de higiene pessoal) é mais deficiente. Os dados científicos indicam que em 2050 todas as espécies de aves marinhas terão ingerido plástico.
Em 2017 a Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente considerou como importante que se possa atingir a emissão zero ou seja uma eliminação a longo prazo das descargas de lixo e de plástico para o oceano tendo recentemente estabelecido um comité de negociação intergovernamental para desenvolver legislação sobre a poluição por plástico que deverá estar concluído em 2024. Esta decisão foi apoiada durante a Conferência dos Oceanos e consta da declaração de Lisboa. Além disso, foi aprovada uma decisão para que, em 2030, possamos ter um planeta sem poluição e um oceano sem fontes de polição de origem terrestre e marítima.
Em face do aumento da poluição que se tem vindo a verificar, nos últimos anos, em especial devido à presença de plásticos, a poluição marinha tornou-se um tema importante na agenda ambiental internacional a que se adicionou um novo desafio resultante da pandemia de COVID-19 no que se refere à gestão deficiente dos resíduos aumentando o uso de plástico de uso único e de embalagens. Durante a pandemia tem-se assistido a uma deficiente gestão de resíduos e de eliminação de equipamento de proteção pessoal bem como de outros equipamentos relacionados com a proteção da saúde humana. Nesse sentido a comunidade internacional comprometeu-se a combater a poluição marinha sendo considerado necessário o desenvolvimento de tecnologias inovadoras de baixo custo que incluam o ciclo de vida dos produtos contaminantes.
As tapeçarias do projeto LIXARTE, patentes a partir de dia 3 de agosto no Centro Ciência Viva do Algarve e durante todo o mês, exibem de uma forma artística os diversos elementos que compõem a poluição marinha que chega às praias algarvias, nomeadamente com resíduos do nosso dia a dia e da influência do COVID.
* Professora Catedrática Jubilada da Universidade do Algarve;
Diretora do Centro de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Algarve;
Membro do Grupo de Peritos das Nações Unidas para a Avaliação Integrada do Estado do Oceano.
Nota Europe Direct Algarve:
Damos continuidade à rubrica LIXARTE, acompanhando a itinerância desta exposição pelo Algarve.
Saber +https://facebook.com/events/s/lixarte-exposicao-itinerante/3127751024146343/
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O projeto LIXARTE – Transformar o Lixo em Arte é um projeto-piloto de diversos parceiros da região do Algarve, com a mentoria de Ana Sousa, professora da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Diversas escolas, algumas inseridas no Plano Nacional das Artes e na rede Escola Azul, estão a trabalhar para construir uma tapeçaria a partir de lixo (sobretudo marinho), a apresentar publicamente, em cada escola, no dia 8 de junho – Dia dos Oceanos – promovendo assim a mensagem do EU Climate Pact, o cumprimento dos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e a missão do Ano Europeu da Juventude.
Participam como parceiros no projeto: o Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa e o Agrupamento de Escolas Tomás Cabreira, em Faro, o Agrupamento de Escolas João da Rosa e o Agrupamento de Escolas Dr. Alberto Iria, em Olhão, e ainda a Faro2027 – candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, a APA-ArH Algarve, a SCIAENA, a MOJU, o Centro Ciência Viva do Algarve e o Europe Direct Algarve.
Mais informações sobre o LIXARTE, podem ser obtidas através do Europe Direct Algarve, das redes sociais, ou de qualquer um dos parceiros apresentados nesta rubrica.
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