Nos dias 10 e 11 de fevereiro, decorreu em Coimbra a 8ª edição do Encontro Nacional pela Justiça Climática (ENJC).
A edição deste ano, organizada por 15 entidades[1], juntou cerca de 300 pessoas ao longo de dois dias bastante intensos em que se abordaram e discutiram temas tão diversos como mobilidade sustentável, democracia energética, clima e género, como usar o Direito Ambiental a nosso favor, mineração em mar profundo, entre muitos outros.
Mas o que é afinal justiça climática? É o reconhecimento de que a crise ambiental, e em particular a climática, não afeta de forma proporcional ou justa todas as pessoas do globo. O que vemos é que os territórios e as populações que menos contribuíram para o caos climático em que nos encontramos são aqueles que se encontram a sofrer os efeitos mais severos e perversos do mesmo. São geralmente populações que habitam o sul global e que têm, por várias razões, visto os seus recursos naturais serem transacionados e utilizados pelo norte global, deixando-os assim menos capacidade de adaptação e resiliência para, por exemplo, lidar com fenómenos climáticos extremos. A (in)justiça climática dá assim mote a este evento, do qual a Sciaena é co-organizadora desde a 3ª edição, e que se define como um espaço de partilha de conhecimento e experiências, onde todas as pessoas podem conhecer as diferentes faces da crise climática – que toca, promove e se alimenta também das crises ambiental, económica e social.
A Sciaena, como uma ONG de conservação marinha, desde sempre assumiu como seu objetivo no Encontro o trazer o oceano para a mesa. Neste momento, já não é possível discutir o clima excluindo aquele que é o nosso maior aliado contra a crise climática. O oceano produz metade do oxigénio que respiramos, absorveu mais de 90% do calor antropogénico gerado desde os anos 70 e é reserva de enormes quantidades de carbono, seja nos fundos marinhos (acumulado ao longo de milhões de anos), na própria coluna de água ou nos corpos dos organismos que o habitam. Estima-se que, se os primeiros 10 km da atmosfera tivessem absorvido o calor que os primeiros 2 km do oceano absorveram nos últimos anos, a temperatura do planeta teria aumentado 36ºC.
Por tudo isto, trouxemos para o Encontro uma vez mais uma sessão sobre mineração em mar profundo – uma atividade que se encontra a ser regulamentada neste preciso momento e que, a iniciar-se, vai contribuir para o adensar da crise climática. A mineração em mar profundo vai provocar destruição de habitats, libertação de carbono e potenciais extinções locais no meio menos conhecido do nosso planeta. A ciência é unânime: não temos conhecimento suficiente sobre o mar profundo para pensar em regulamentar a atividade de uma forma séria que evite efetivamente impactos negativos significativos. É por isso que defendemos, conjuntamente com dezenas de outras entidades nacionais e globais, uma moratória à atividade. A mineração em mar profundo não pode avançar enquanto não forem conhecidos os riscos, se souber como minimizar impactos e não se garantir o consentimento informado das comunidades locais. Neste momento, está a decorrer uma petição pela moratória no mar dos Açores e pode ser assinada aqui.
A Sciaena orgulha-se de integrar o movimento climático português e de contribuir para a mitigação da crise, seja participando em processos de consulta pública, exigindo mais transparência, ambição e responsabilização aos decisores políticos ou mesmo debatendo-se em tribunal contra quem pretende piorar a crise em prol de lucro e crescimento infinito.
O ENJC é uma oportunidade única para os e as ativistas pelo clima em Portugal se conhecerem, trocarem impressões sobre o movimento, partilharem visões e, acima de tudo, poderem apoiar-se e inspirar-se mutuamente. A edição do próximo ano já se encontra a ser preparada e convidamos todas as pessoas a participarem! A diversidade do movimento é a sua maior força e todas as formas de intervenção são necessárias. Contamos com toda a gente!
[1] AmbientalIST | Climação Centro | Climáximo | EcoMood Portugal | EcoSoc | FALA | Greve Climática Estudantil | Sciaena | ProTejo | Scientist Rebellion | Último Recurso | Um Coletivo | UMAR | Youth Climate Leaders | ZERO
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