Construído no século XIV, um convento ibérico mantém viva uma tradição que atrai visitantes curiosos. Quem chega ao local encontra uma pequena janela giratória e uma lista de especialidades disponíveis. O procedimento é simples: basta tocar à campainha, escolher os doces e colocar o pagamento no mesmo espaço por onde o pedido é entregue. O curioso é que todo o processo decorre sem que se veja quem está do outro lado.
De acordo com o portal NiT, tudo isto acontece no Convento de Santa Inês, no centro de Sevilha, fundado em 1374 por María Coronel. A aristocrata decidiu criar a irmandade após uma vida marcada por episódios dramáticos. Casada com Juan de la Cerda, viu o marido ser preso e morrer sob ordem do rei D. Pedro I de Espanha, que também a assediava.
A origem do convento e a marca fundadora
Segundo a mesma fonte, María Coronel entrou no convento de Santa Clara de Sevilha, mas continuou a ser perseguida pelo monarca. Numa tentativa de afastá-lo, chegou a atirar-lhe óleo a ferver. Depois da morte de D. Pedro, o seu meio-irmão Enrique II de Trastámara perdoou-a e devolveu-lhe os bens confiscados. Foi com essa fortuna que conseguiu fundar o Convento de Santa Inês, após autorização papal.
Escreve o mesmo portal que a fundadora deixou também uma marca na doçaria. As chamadas pastas de Santa Inés tornaram-se uma receita emblemática do convento, mantendo-se até hoje com os mesmos ingredientes: farinha, açúcar, manteiga, limão, ovos e muita força no amassar.
Séculos de doçaria conventual
Acrescenta a publicação que há registos destes doces desde 1600. Na época, cada freira preparava as receitas na sua cela, onde tinha um pequeno fogão. Ao longo dos séculos, novas especialidades foram surgindo, entre elas cortadilhos, roscas de vinho, amanteigados de sésamo, biscoitos amanteigados, bolos de azeite e bolos de amêndoa e chocolate.
Sabe-se ainda que o calendário litúrgico define parte da produção. No Natal, as freiras dedicam-se a receitas festivas e, na Páscoa, a doces próprios dessa celebração. Ainda assim, há sempre pãezinhos disponíveis durante o ano.
Visitas e horários
Explica a NiT que qualquer visitante pode provar estas receitas, desde que respeite o horário de funcionamento da janela giratória: entre as 9 e as 13 horas e das 16 às 19 horas, todos os dias da semana. Cada embalagem custa cinco euros.
Conforme a mesma fonte, o convento fica a uma hora e meia de carro do Algarve. A partir de Lisboa, a viagem até Sevilha demora cerca de quatro horas e meia. Outra alternativa é voar diretamente até à cidade andaluza e visitar o convento a partir do centro histórico.
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