O Grupo de Teatro Lethes (GTL) deverá recusar as instalações para a sua sede que a Câmara Municipal de Faro (CMF) tem em execução num terreno localizado em Sto. António do Alto, alegando que “o projeto em curso não oferece as condições mínimas para o exercício da atividade teatral”, disse ao Postal do Algarve o seu diretor, Emílio Campos Coroa.
O espaço, que seria disponibilizado para espetáculos teatrais e para que o grupo ali exercesse o seu trabalho diário, “não corresponde ao projeto aprovado pelo município em 2001 com a promessa falhada de cabimento orçamental no ano seguinte”, afirmou Campos Coroa.
O terreno com cerca de 600 metros quadrados, onde a CMF tem em construção um bloco de apartamentos a custos controlados, foi atribuído por escritura pública de doação em 1997 ao GTL, mas “a autarquia em 2011, dando o dito por não dito, rasgou a escritura e decidiu desafetar o espaço doado ao grupo”.
Em 2023, à revelia da direção do grupo, “que em 12 anos nunca foi contactada sobre o assunto”, a autarquia decidiu avançar com a construção de um bloco de apartamentos que contempla no piso inferior o espaço supostamente destinado à atividade teatral.
Em declarações ao POSTAL, Emílio Campos Coroa disse que “nestes anos, nunca fomos ouvidos sobre o processo e, depois de termos sido informados do início das obras, apresentámos uma proposta – mais barata – de alteração do projeto, dado que o da Câmara não reunia as condições mínimas exigidas para uma sala de espetáculos nem para o trabalho diário do grupo de teatro”.
“Fizeram ouvidos moucos aos nossos protestos e não consideraram as alterações que apresentámos no sentido de tornar o projeto num espaço cultural viável para a atividade teatral”, salientou Campos Coroa.
O Grupo de Teatro Lethes, reconhecido como instituição de utilidade pública, foi fundado em 1957 por Emílio Campos Coroa (pai), Joaquim Magalhães, José e Amélia Campos Coroa, sendo um dos poucos grupos de teatro amador em funcionamento ininterrupto no nosso país.
Em 1986 foi desalojado do Teatro Lethes onde teve a sua sede e atividade durante 14 anos, alegada e reconhecidamente por necessidade de obras a efetuar no edifício.
Mais tarde, a CMF, após contrato de aluguer de longa duração assinado com a Secretaria de Estado da Cultura, acabou por ceder a exploração daquele espaço a uma companhia profissional, deixando o Grupo de Teatro Lethes sem local para manter a sua atividade regular, numa situação de “casa às costas”, que se prolonga até aos dias de hoje.
Leia também: Conheça o método holandês para secar roupa em tempo recorde sem precisar de máquina