O Teatro Experimental de Lagos leva ao palco no mês de março o espectáculo “Lobo Vermelho”, teatro para a infância com música ao vivo, no Centro Cultural de Lagos, com dois dias de sessões reservadas às escolas do barlavento algarvio, a 17 e 18, e o dia 19 de março dirigido ao público em geral, pelas 16:00.
A peça começa com um piquenique, que se transforma em muitas histórias, todas elas versões do conhecido conto protagonizado pelo Capuchinho Vermelho. Numa descoberta constante, as personagens vão-se transformando, o cenário vai ganhando formas mágicas, como se esfolheássemos um livro pop-up.
Reflectindo sobre as várias versões do conto com humor, o elenco da peça, constituído por Bruno Batista e Nelda Magalhães, simultaneamente co-criadores do espectáculo, transporta para o palco a narração oral aliada ao teatro, num questionamento incessante do que é ou não verdade no mundo dos contos, mas também na relação do género na sociedade.
A composição musical está a cargo de Carlos Norton, que veste também o papel de uma personagem na história, viajando da concertina para o bouzouki ou o chalumeaux, conduzindo o público para uma atmosfera sonora ao vivo surpreendente.
“A peça, assim como muitas produções teatrais do país, correu o perigo de extinção durante a pandemia, que ainda nos assola e que está a deixar uma fratura notória no tecido cultural do país”, explica o Teatro Experimental de Lagos.
Abordando a temática da extinção do Lobo Ibérico, bem como dos medos sociais construídos pela literatura infantil ao longo dos tempos, o espectáculo ganha mais uma leitura na contemporaneidade social, com os novos medos e fragilidades.
Os “lobos” agora são outros e, como antigamente, não se vêem, mas constituem no imaginário das crianças uma ameaça inquietante.