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Foto D.R.
Cultura, Edição Papel, Opinião

Heranças da habitação mediterrânica e a contemporaneidade

ESPAÇO AGECAL: Artigo de Jorge Queiroz publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul de maio.

13:00 6 Maio, 2022 09:48 5 Maio, 2022 | Jornal Postal
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Jorge Queiroz Sociólogo, sócio
da AGECAL

As cidades portuguesas mais antigas e os territórios rurais por todo o País conservam a herança cultural das presenças romana e muçulmana, civilizações mediterrânicas que contribuíram para a nossa língua de origem latina, urbanismos, arquitecturas, engenharia hidráulica e viária, agricultura comunitária, religiosidades, alimentação, tradições festivas e celebrações cíclicas, entre muitos outros aspectos, em suma, o que se designou por estilo de vida ou “daiata”.

As cidades romanas seguiram um modelo organizativo, definindo a estratificação social, funções e formas de construir, bairros e residências, o fórum e os templos, aquedutos e termas, anfiteatros, … Em Lisboa conhecem-se as galerias subterrâneas da Baixa, o teatro romano de Olisipo (séc. I-II d.C.), o hipódromo que existiu num vazio a que chamavam tal como hoje o Rossio.

No mundo urbano romano, de inspiração grega, o “domus” é a casa das famílias ricas, com “atrium”, quartos, sala de refeições, jardim ou “hortus”, à frente a “tabernae” para comercio.

Nas “villae” viviam os proprietários rurais romanos, foram estruturadas para funções agrícolas e de habitação, unidades que podemos ver em Braga, Conimbriga, Beja e outras regiões, mas também em Milreu (sec. II a.C.) perto de Estoi, “villae” onde se produzia azeite no lagar, se salgava peixe em tanques, onde ainda se conservam mosaicos temáticos. A maior concentração do País “cetárias”, tanques para salga e preparação do “garum,” encontra-se em Tróia.

Os “montes”, alentejanos e algarvios, integram as herdades, se forem de menores dimensões chamam-lhes quintas. Existem por todo o sul exemplares de “montes” que sobreviveram, alguns deles melhorados pelos proprietários, revelando sensibilidade e respeito pelo património.

Os bárbaros entraram na Península no século V, primeiro os suevos convertidos ao cristianismo e logo seguida da conquista militar e estruturação do Reino Visigodo, de características feudais e organização por paróquias. Povos guerreiros vindos das florestas, eram cultural e artisticamente menos avançados que os habitantes da bacia mediterrânica, daí terem absorvido os conhecimentos e tradições locais, os aspectos construtivos, a chamada tardo-romanização.

Historiadores designaram por Antiguidade Tardia o período entre os séculos III e VI, da Antiguidade Clássica à queda de Constantinopla, marco do início da Idade Média. Surgem as basílicas paleocristãs, a transformação e renovação das villae romanas, também as pequenas igrejas e capelas destinadas ao culto, as ecclesia. Mértola possui um dos mais significativos exemplares de basílica paleocristã que a arqueologia pôs a descoberto nos últimos anos.

Com entrada do exército de Tarik em 711 pelo Estreito se dá início à feudalização muçulmana da Península, ao desenvolvimento de medinas cercadas por muralhas, mas trata-se de uma continuidade das formas de vida mediterrânicas. Surgem para o culto local, mesquitas como a da Idanha-a-Velha ou a de Mértola, esta do período almóada, parte delas com o avanço dos cristãos para sul transformadas em igrejas, normalmente consagradas a Nossa Senhora.

Xelb, actual Silves, foi centro político e residência de uma comunidade do Iémen, é a mais importante fortificação ou “alcácer” muçulmano do País, mas por todo o território surgem vestígios de estruturas militares dessa época, como o castelo de Paderne feito em taipa.

A herança da islamização na parte ocidental do Al Andalus, em matéria de construções, não foi tão exuberante como na Andaluzia, onde Sevilha, Córdova e Granada foram centros difusores de cultura, ciência e arte, também porque os edifícios foram transformados pela cristianização. Mas a cultura herdada continua presente na toponímia e vocabulário corrente, existem na língua portuguesa mais de três mil vocábulos de origem árabe, também permanecem em formas de habitar. A casa muçulmana integra compartimentos para cozinhar, comer e dormir que rodeiam um pateo interior, normalmente possuem um tanque ou poço, pavimentos em tijoleira, paredes em taipa e os telhados cobertos por telha mourisca.

O ambiente da casa mediterrânica é agradável, com sons de água, aromas de fruteiras e plantas.

Para além do “neoárabe” inserido no movimento romântico do século XIX, surgiram no urbanismo e arquitectura mais recente, concepções e intervenções inspiradas nas linhas estéticas da tradição, nas formas ecológicas que utilizam técnicas da arquitectura da terra materiais da região. Entre os exemplos de urbanismo e habitação de inspiração mediterrânico-muçulmana, o mais reconhecido é o Bairro da Malagueira em Évora, concebido pelo arquitecto Álvaro Siza Vieira.

Para enfrentarmos as alterações climáticas, encontraremos as soluções mais simples e económicas no nosso património cultural, na sabedoria ancestral de equilíbrio com a natureza.

* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico

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