A associação ambientalista Zero alertou recentemente para o agravamento da qualidade da água nas praias nesta época balnear, revelando que 28 já estiveram interditadas e dezenas já tiveram banho desaconselhado ou proibido.
Em comunicado, a Zero explica ter avaliado os resultados relativos à qualidade das águas balneares na presente época, disponibilizados pelo Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos, comparando com o mesmo período de tempo em 2022.
Apesar de a análise estar este ano antecipada uma semana, os problemas “são já mais significativos”, refere a Zero.
De acordo com a associação, existem atualmente 658 águas balneares “com um número limitado de praias a revelarem problemas, mas de forma mais expressiva do que na época balnear passada”.
“O desaconselhamento ou proibição de banhos, mesmo que durante um curto período de tempo, afetou 29 praias, mais sete do que em período semelhante do ano passado”, refere a Zero.
Naquelas zonas balneares, de acordo com a associação, as análises “ultrapassaram os limites fixados tecnicamente a nível nacional” relativamente a pelo menos um dos dois parâmetros microbiológicos que são avaliados (Escherichia coli e Enterococus intestinais).
Já 28 praias foram interditadas devido à qualidade das águas
Já 28 praias foram interditadas, até ao momento, também mais sete que na época balnear passada, “a maioria por má qualidade da água”, incluindo “casos de obras de desobstrução da praia ou de riscos de instabilidade na arriba”.
A Zero adianta também que 22 praias têm assinalada a interdição no Sistema de Informação, apesar de não serem indicadas as razões, enquanto no caso de outras seis “foi amplamente noticiada apenas na comunicação social”.
As águas balneares que apresentaram maior número de situações de água imprópria para banhos foram ambas no Funchal: Poças do Gomes – Doca do Cavacas e Gorgulho, apresentaram três situações de desaconselhamento ou proibição de banhos, “apesar de aparentemente não ter sido oficializada qualquer interdição”.
Também quatro praias em Albufeira (Galé-Leste, Galé-Oeste, Inatel-Albufeira e Pescadores), e uma praia em cada um dos concelhos de Aljezur (Amoreira-Rio), Cascais (Duquesa), Matosinhos (Matosinhos) e Porto (Castelo do Queijo) apresentaram, cada uma, duas situações com desaconselhamento ou proibição de banhos.
Albufeira é, de acordo com a Zero, o concelho do país com maior número de praias afetadas por qualidade imprópria e/ou interdições, com sete praias.
As praias interiores são proporcionalmente mais afetadas, de acordo com a Zero, que apela à necessidade de averiguar causas e acima de tudo prevenir contaminação, havendo 11% de águas balneares interiores afetadas e 5% de águas balneares costeiras ou de transição afetadas.
De acordo com a associação ambientalista, muitas das zonas balneares que sofreram um desaconselhamento ou interdição durante a presente época balnear “têm classificação excelente, devendo, portanto, tratar-se de episódios esporádicos que, no contexto da legislação, até podem não pôr em causa a sua qualidade, mas que devem ter as suas causas devidamente averiguadas”.
A Zero denuncia ainda continuarem a existir falhas na informação que é disponibilizada no ‘site’ da Internet da Agência Portuguesa do Ambiente, “dado que nem sempre se esclarecem devidamente os motivos de interdição das zonas balneares e procedimentos por parte dos delegados regionais de saúde”.
Segundo a Zero, a página da APA dedicada a comunicar desaconselhamentos e interdições da prática balnear “representa uma melhoria no esforço de comunicação, mas não está consistente com os dados do Sistema de Informação de Recursos Hídricos”
“Mais ainda, há 41 águas balneares sem quaisquer resultados de análises disponibilizados (6,2% do total)”, é referido na nota.
Nenhuma das 54 praias classificadas pela associação como Praia ZERO Poluição – zonas balneares onde não foi detetada qualquer contaminação nas análises efetuadas ao longo das três últimas épocas balneares -, foi abrangida por interdição associada a má qualidade da água ou por desaconselhamento ou proibição a banhos, de acordo com a associação.
Restrições a banhos em praias já foram 48 este ano
A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) explicou que as restrições ao banho em águas balneares são medidas de gestão em circunstancias excecionais, que visam proteger a saúde dos banhistas, tendo havido 48 situações até 11 de agosto.
Das 48 ocorrências, em Portugal continental (na presente época), 24 foram interdições pelos delegados de saúde e as restantes desaconse- lhamento da APA.
Segundo os dados, divulgados num comunicado, 12 foram por precaução (chuvas intensas, baixo volume da albufeira e avaria de estações elevatórias), 34 (71%) devido a contaminação bacteriológica e 2 (4%) devido a algas.
Na época balnear do ano passado registaram-se 94 ocorrências, das quais 42 resultaram em desaconselhamentos e 52 em interdições.
O esclarecimento da APA surge no mesmo dia em que a associação ambientalista Zero alertou para o agravamento da qualidade da água nas praias nesta época balnear, revelando que 28 já estiveram inter- ditadas e dezenas já tiveram banho desaconselhado ou proibido.
“As restrições ao banho são medi- das de gestão em circunstâncias excecionais, que visam proteger a saúde dos banhistas. A imposição de um desaconselhamento ao banho é da responsabilidade da APA, já a imposição de uma interdição é da responsabilidade da Autoridade de Saúde Regional. Podem, ainda, acontecer restrições ao banho, por outras razões de segurança, que não relativas à qualidade da água, por iniciativa dos municípios (seja pela Proteção Civil Municipal ou não), ou das capitanias, no âmbito das suas responsabilidades”, escla- rece a agência. E explica que cada água balnear “banha” uma ou mais praias, pelo que o desaconselhamento ou a interdição de uma água balnear, pode impedir o banho em mais do que uma praia.
Para a presente época balnear foram identificadas 511 águas balneares em Portugal continental, sendo 359 águas balneares costeiras e de transição e 152 águas balneares interiores.
A APA explica ainda que durante cada época balnear realiza mais de 9.000 análises que garantem uma vigilância às condições de qualidade para a prática balnear, correspondendo a um investimento de 216 mil euros só em análises, a que é preciso somar os custos de recolha das amostras em todas as águas balneares identificadas.
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