Este provérbio popular ilustra e define bem as crises em geral, sejam elas económicas, sociais ou outras, alertando-nos para o facto de na vida nada ser permanente – “a mudança é uma constante do futuro” (Buda).
Em economia, os sucessos não são eternos. As crises também não. A duração de uns e outras varia em função das causas e circunstâncias que estiveram na sua origem e nas terapias adoptadas para esbater os seus efeitos, dando assim cumprimento a princípios universais imutáveis. Vivemos uma dinâmica de ciclos, ou seja, “toda a causa tem um efeito, todo o efeito tem uma causa” (Hermes).
Neste sentido, cada um e cada qual está obrigado, no âmbito das suas capacidades, a enfrentar as realidades decorrentes das incoerências imprevisíveis das crises, valorizando o Bom e, por essa via, aprendendo a aproveitar melhor os períodos favoráveis que, mais tarde ou mais cedo, acabarão por chegar.
O mundo viveu, e ainda vive, uma crise profunda em quase todas as actividades económicas, resultante de uma pandemia global, agravada recentemente pelo eclodir de uma guerra inesperada e fratricida no leste europeu.
Uma coisa é certa: As crises não se anunciam, surgem sem aviso prévio, enquanto as retomas são sempre lentas e muito demoradas.
E se é verdade que, no que respeita à pandemia, os sinais se apresentam encorajadores em matéria do controlo eficaz da doença, já no que se refere ao conflito armado em curso, a situação deixa antever impactos económicos e sociais graves e duradouros à escala planetária.
Sabemos que as crises afectam de forma diferenciada as economias sectoriais, sendo as mais afectadas as que fazem do relacionamento humano a base dos seus negócios, como é o caso da indústria do turismo, uma vez que os consumidores estão obrigados a deslocar-se aos locais de produção dos serviços.
Tal como se verificou em crises de outra índole, o sector turístico foi também o primeiro a sofrer as consequências da pandemia, mas não foi, desta vez, nem beneficiado nem o primeiro a recuperar, como ocorreu nas conjunturas desfavoráveis anteriores.
A crise pandémica caracterizou-se, precisamente, por impedir a livre circulação de pessoas, o que levou à paragem total ou parcial da actividade turística mundial, uma consequência directa da proibição temporária dos países em permitir a saída para o exterior dos seus cidadãos, ao mesmo tempo que dificultavam e impediam a entrada de viajantes oriundos de países terceiros, o que acentuou ainda mais os receios em viajar dos potenciais utilizadores de férias.
A actual retoma das procuras turísticas vai ser gradual e progressiva, mas permite perspectivar uma recuperação rápida da actividadepara os níveis pré-pandémicos e até ultrapassá-los no próximo futuro.
A resiliência da indústria do turismo é, frequentemente, apontada como um factor competitivo diferenciador da nossa oferta turística, apesar da indústria estar sustentada na concretização de investimentos em capital intensivo, com recurso a capitais alheios e soluções de financiamento de médio e longo prazo, conjugados com uma operação apoiada por crédito bancário de curto prazo.
Não admira, portanto, que a seguir às crises se verifiquem fusões, aquisições e outros ajustes empresariais, levando a uma crescente estratégia de concentração empresarial no sector turístico e hoteleiro em Portugal, nem sempre do agrado da generalidade dos agentes económicos.
* O autor não escreve segundo o acordo ortográfico
POSTAL reforça opinião com 3 novos colunistas
O POSTAL conta a partir da presente edição papel com a colaboração de três colunistas de “peso”.
Na análise e nas pespetivas turísticas passa a escrever regularmente o empresário hoteleiro Elidérico Viegas.
Na “Tribuna Parlamentar”, a outra nova rubrica do POSTAL, passam igualmente a assinar regularmente os deputados eleitos pelo Algarve Luís Gomes (PSD) e Luís Graça (PS).
Nesta edição, Luís Graça aborda os investimentos previstos pelo Governo para garantir a água ao Algarve e Luís Gomes a descentralização de competências para os municípios.