Nos últimos anos, os crimes associados à clonagem de cartões e ao acesso indevido a contas bancárias têm vindo a aumentar em Portugal. Dados oficiais mostram que milhares de pessoas já foram vítimas destes esquemas, o que levanta sérias preocupações quanto à segurança dos meios de pagamento mais usados no nosso dia a dia. A verdade é que bastam pequenos gestos para reduzir este risco, sobretudo quando se utiliza o Multibanco.
Os números não enganam
Segundo a Guarda Nacional Republicana, entre 2020 e o final de 2024, foram registadas quase seis mil situações de clonagem de cartões bancários, refere a Executive Digest. No total, 6.050 pessoas viram as suas contas bancárias comprometidas por este tipo de crime. A maioria destes casos resulta de técnicas cada vez mais sofisticadas, usadas pelos burlões para obter os dados dos cartões e os respetivos códigos.
Uma das estratégias mais usadas chama-se “skimming” e consiste na colocação de dispositivos falsos sobre os leitores de cartões verdadeiros. Estas peças falsas captam os dados contidos na faixa magnética do cartão, enquanto pequenas câmaras escondidas filmam a introdução do código PIN. Assim, os criminosos conseguem acesso total à conta bancária da vítima sem levantar suspeitas.
Medidas simples com grande impacto
Proteger os dados bancários é uma responsabilidade de todos. Embora existam sistemas de segurança implementados pelas entidades bancárias, há comportamentos individuais que fazem toda a diferença. Por exemplo, sempre que for utilizar o Multibanco, é importante tapar o teclado com a mão ao introduzir o código, mesmo que não veja ninguém por perto. É uma medida discreta, mas eficaz para evitar que o PIN seja captado por câmaras escondidas, refere a mesma fonte.
Também é aconselhável dar preferência a caixas Multibanco localizadas dentro de bancos ou de centros comerciais, já que estes espaços costumam ter videovigilância, o que reduz o risco de adulteração dos equipamentos. Multibancos situados na via pública ou em zonas isoladas apresentam maior vulnerabilidade.
Um olhar atento pode evitar problemas
Antes de inserir o cartão, vale sempre a pena observar com atenção o estado do equipamento. Um leitor desalinhado, um teclado mais saliente do que o habitual ou um ecrã pouco firme podem ser sinais de que o Multibanco foi adulterado. Nestes casos, a melhor atitude é não utilizar o terminal e informar de imediato o banco ou as autoridades.
Muitas vezes, o crime só acontece porque a vítima se encontra distraída ou com pressa. Por isso, é importante dedicar alguns segundos à verificação do equipamento, mesmo em situações rotineiras.
Acompanhar as movimentações com regularidade
Outra prática fundamental passa por verificar os movimentos da conta com frequência. Ao consultar o extrato bancário, é possível detetar rapidamente operações que não foram autorizadas. Este controlo pode ser feito através das apps dos bancos, que hoje em dia permitem consultar saldos e movimentos em tempo real.
Quanto mais cedo for identificada uma operação fraudulenta, mais fácil será resolver a situação junto da instituição bancária e recuperar eventuais valores perdidos.
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Cartões com chip e tecnologia contactless
Atualmente, a maioria dos cartões bancários já utiliza chip, uma tecnologia mais segura do que a tradicional faixa magnética. Mesmo assim, continua a ser possível copiar dados em terminais adulterados. O recurso ao pagamento por aproximação, o chamado contactless, pode ser útil em locais de confiança, já que permite efetuar compras sem inserir o PIN até determinado valor.
Apesar disso, é importante lembrar que qualquer método de pagamento exige atenção. Evitar distracções enquanto se efetua uma operação e guardar o cartão logo após a utilização são práticas fundamentais.
Segurança começa na prevenção
Os crimes relacionados com cartões bancários tornaram-se mais sofisticados, mas as medidas de proteção continuam a ser bastante simples. A vigilância e o cuidado são as melhores defesas contra a clonagem. Saber onde e como se está a usar o cartão, manter o código em segredo e desconfiar sempre de alterações no equipamento são atitudes que evitam dissabores.
Ao adotar estas rotinas, reforça-se não só a segurança individual, como também a confiança no sistema bancário.
Outros cuidados a não esquecer
Evitar guardar o código PIN por escrito, sobretudo na carteira, é uma regra básica, mas que ainda é ignorada por muitas pessoas. O código deve ser memorizado e nunca partilhado, nem mesmo com familiares. Além disso, é importante escolher um número que não seja fácil de adivinhar, como datas de nascimento ou sequências repetidas.
Também se recomenda que, sempre que possível, se ative a notificação por SMS ou push para cada operação feita com o cartão. Esta funcionalidade permite uma deteção imediata de movimentos suspeitos.
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