A aplicação de tarifas aduaneiras entre os Estados Unidos e a União Europeia foi, para já, suspensa por um período de 90 dias, mas os efeitos sobre os preços de certos produtos poderão fazer-se sentir em breve, caso não se chegue a um entendimento entre as partes.
A decisão de Washington, anunciada por Donald Trump, tem impacto direto sobre importações estratégicas para Portuga: entre elas, produtos alimentares e industriais.
De acordo com uma análise divulgada pela Renascença, com base em dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), a soja norte-americana representa o maior volume de importações portuguesas neste segmento.
Só em 2024, Portugal importou 171 milhões de euros em soja dos EUA, o equivalente a 35% do total de soja entrada no país.
Produtos agrícolas em destaque
Além da soja, o milho é outro produto que poderá vir a sofrer com a imposição de tarifas. As compras portuguesas aos EUA atingiram os 70 milhões de euros, o que equivale a cerca de 17% do total importado.
No caso dos amendoins, as importações oriundas dos Estados Unidos chegaram perto dos 4 milhões de euros, num total de 21,8 milhões de euros em compras globais.
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O impacto, porém, não se restringe ao setor alimentar. A lista de bens potencialmente abrangidos pelas tarifas inclui ainda produtos de maquilhagem, aço, alumínio e até eletrodomésticos, segundo a mesma fonte.
Suspensão temporária das tarifas
A suspensão das tarifas foi anunciada por Donald Trump na passada quarta-feira, abrangendo mais de 75 países, entre os quais os Estados-membros da União Europeia.
Em resposta, Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, declarou que se tratava de um “passo importante para estabilizar a economia mundial”, sublinhando que “as tarifas são impostos que só prejudicam as empresas e os consumidores”.
A responsável máxima pela política comercial da UE defendeu ainda que Bruxelas “continua empenhada em negociações construtivas” com os Estados Unidos, tendo proposto, sem sucesso, um acordo de tarifas nulas entre os dois blocos.
Caso as negociações não avancem no período definido, a UE poderá aplicar tarifas de 25% a produtos norte-americanos, como represália às taxas já impostas pelos EUA sobre o aço e o alumínio europeus.
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