Os preços do café continuam a subir, mantendo uma tendência de alta que já dura dois anos. Tanto a variedade arábica quanto a robusta atingiram máximos históricos nos mercados internacionais, refletindo-se diretamente no custo da tradicional “bica”. O arábica alcançou um novo recorde de 4,07 dólares por libra-peso no mercado de Nova Iorque, enquanto o robusta ultrapassou os valores históricos de 1979, sendo negociado a 5.840 dólares por tonelada no mercado londrino.
O aumento dos preços do café pode ser explicado por uma combinação de fatores, escreve o Notícias ao Minuto. As mudanças climáticas, a quebra nas colheitas e as disrupções logísticas estão a afetar o setor de forma significativa. Segundo o Negócios, o Brasil e o Vietname, que são os maiores produtores mundiais de café, estão a enfrentar períodos prolongados de seca, o que reduziu substancialmente a oferta de grãos.
Impacto climático nas colheitas
As condições climáticas extremas têm sido uma das principais causas da redução na produção de café. O impacto da seca é particularmente severo em regiões produtoras de café, onde a falta de água compromete a qualidade e a quantidade das colheitas. O clima tem-se mostrado imprevisível e tem dificultado o trabalho dos agricultores, resultando em uma oferta de café mais restrita e, consequentemente, preços mais elevados.
Além das condições climáticas adversas, as disrupções logísticas também têm contribuído para o aumento dos preços. O transporte de café tem sido afetado por vários obstáculos, como a escassez de contêineres e o aumento dos custos de transporte internacional. Por outro lado, as novas regulamentações da União Europeia, que impõem normas mais rigorosas sobre a produção e o comércio de produtos agrícolas, estão a agravar a incerteza no mercado.
As tensões comerciais também desempenham um papel importante nesta escalada dos preços. A disputa comercial entre os EUA e a Colômbia, outro grande produtor de café, tem gerado um ambiente de instabilidade no mercado. Além disso, o Brasil, devido à sua enorme produção, também tem sido afetado por estas disputas comerciais, que afetam o fluxo de café entre os países.
O aumento dos preços do café já está a afetar torrefatores e consumidores. Os torrefatores enfrentam custos mais elevados para adquirir o café, o que impacta diretamente o preço final para o consumidor. Para os amantes de café, este aumento tem sido sentido no preço da “bica”, que se tornou mais cara em muitos locais, refletindo a alta nos preços internacionais.
A tendência de alta dos preços do café não parece ter fim à vista. O contrato futuro do arábica subiu 27% desde o início do ano, enquanto o robusta valorizou 14%. Esta subida está em continuidade com o forte movimento de alta registado em 2024, quando os preços já tinham começado a subir de forma acentuada.
Comportamento dos produtores
Muitos produtores de café estão a segurar a sua produção, esperando para aproveitar a valorização do grão. Este comportamento contribui ainda mais para a inflação no setor, uma vez que a oferta se mantém restrita enquanto os preços continuam a subir. Alguns produtores optam por armazenar o café, acreditando que a alta dos preços pode continuar e que será mais vantajoso vendê-lo mais tarde.
Expectativas para o futuro
As perspetivas para o mercado de café continuam incertas. Apesar da procura constante e do aumento do consumo em vários mercados, a produção enfrenta desafios significativos. A pressão sobre os preços deve continuar enquanto os fatores climáticos, logísticos e comerciais não forem resolvidos. Especialistas alertam que a situação pode continuar a afetar os preços do café a médio e longo prazo.
O aumento dos preços do café tem verdadeiro impacto económico global, uma vez que é um dos produtos agrícolas mais negociados no mundo e a sua valorização afeta não só os consumidores, mas também as economias dos países produtores. A escalada dos preços pode representar uma oportunidade para alguns, mas também um desafio para os consumidores e indústrias dependentes deste bem essencial.
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