Luca Visentini, implicado na investigação por corrupção no Parlamento Europeu (PE), foi demitido sábado do cargo de secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (ITUC), anunciou este domingo a organização num comunicado divulgado à imprensa.
“[O Conselho Geral da CSI-ITUC] decidiu que Luca Visentini deixou de ter a confiança [da organização] como secretário-geral”, lê-se no documento, que adianta que será realizado, logo que possível, um Congresso Mundial Extraordinário para eleger um novo líder.
“Os acontecimentos dos últimos meses prejudicaram significativamente a reputação da CSI. Foram aprendidas lições importantes. […] Estamos determinados a proteger a CSI de qualquer forma de uma influência indevida, e mesmo de qualquer suspeita de influência”, comentou Akiko Gono, presidente da organização.
A CSI, que federa 338 sindicatos em 168 países e territórios em todo o mundo, garante, no entanto, que “não encontrou nenhuma evidência” de doações do Qatar ou de Marrocos “para influenciar as suas políticas ou programas”.
Luca Visentini foi preso em dezembro de 2022 na investigação belga sobre suspeitas de corrupção de eurodeputados envolvendo o Catar e Marrocos, mas acabou por ser libertado dois dias depois, embora tenha de se apresentar regularmente à justiça.
No final de dezembro, o sindicalista italiano, de 54 anos, admitiu ter recebido um pagamento em dinheiro – “uma doação de menos de 50.000 euros” – da organização não-governamental Fight Impunity liderada por um compatriota, o ex-deputado Pier Antonio Panzeri, considerado o único dos principais suspeitos do caso.
No entanto, Visentini garantiu que a doação não estava ligada a nenhuma tentativa de corrupção ou tráfico de influência em benefício do Qatar, sublinhando que o dinheiro se destinava a reembolsar alguns custos gerados na campanha para assumir a liderança da CSI.
UM MÊS EM FUNÇÕES
Visentini foi eleito em novembro para a liderança da organização, antes de ser suspenso das suas funções a 21 de dezembro pelo corpo diretivo da CSI.
Sábado, a CSI indicou que pondera acrescentar aos seus estatutos “possíveis alterações ao financiamento de campanhas para as eleições de dirigentes” da confederação.
Atualmente, três pessoas encontram-se em prisão preventiva na Bélgica no âmbito da investigação aberta pelos tribunais belgas sobre suspeitas de interferência do Catar e de Marrocos nas posições assumidas pelo Parlamento Europeu, através de pagamentos em numerário que passaram por Pier Antonio Panzeri.
Em 09 de dezembro, durante uma primeira onda de detenções e buscas em Bruxelas, os investigadores apreenderam 1,5 milhões de euros em dinheiro.
Nos últimos três meses, o Catar e Marrocos negaram veementemente o envolvimento em qualquer ato de corrupção.