O Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa defendeu esta sexta-feira que o país vive uma “dupla realidade”, onde os números gerais da economia apontados como muito bons demoram tempo a chegar “ao bolso das famílias”.
“Isto são os números gerais, mas a projeção dos números nas famílias demora tempo (…) porque os juros para a habitação e para crédito ao consumo ainda estão elevados”, realçou o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas no Seixal, Setúbal.
Marcelo Rebelo de Sousa reagia aos dados divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal (BdP), que prevê que a economia portuguesa vai crescer 2,7% este ano e 2,4% em 2024, revendo em altas as projeções para o PIB.
O BdP vê também uma melhoria do saldo orçamental mais rápida do que o Governo, apontando para um défice de 0,1% este ano, seguido de um excedente de 0,2% a partir de 2024.Para o Presidente da República, o crescimento poderá até ser superior.
No entanto, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que os resultados levam tempo a chegar aos portugueses, lembrando que a inflação “ainda é calculada em 5,2% para este ano”.
” [A inflação] Ainda é, em termos de certos bens, sobretudo alimentares, um custo apreciável e uma pressão apreciável no rendimento dos que têm menos”, frisou.
“Portanto, há aqui uma dupla realidade, em que de um lado se diz que isto está muito bom e do outro se diz não está tão bem assim”, concluiu.
No “Boletim Económico” de julho, apresentado esta sexta-feira, em Lisboa, pelo governador do supervisor bancário, Mário Centeno, as projeções para o crescimento da atividade foram melhoradas face aos 1,8% para este ano e 2% para 2024 e 2025 esperados em março.
“A economia portuguesa deverá crescer 2,7% em 2023, 2,4% em 2024 e 2,3% em 2025”, pode ler-se no relatório.
O regulador está, assim, mais otimista do que o Governo, que prevê um crescimento de 1,8% este ano e de 2% em 2024.
Após um défice de 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022, o BdP prevê uma redução para 0,1% em 2023 e excedentes de 0,2% nos anos seguintes.
A previsão da instituição liderada pelo ex-ministro das Finanças — que pela primeira vez em democracia alcançou um excedente orçamental — revela-se mais otimista do que a do Governo, que considera para 2023 a manutenção do défice no valor de 2022 e uma ligeira melhoria para um défice de 0,2% e 0,1% em 2024 e 2025.