O XXXV Festival do Marisco de Olhão vai realizar-se entre 10 e 14 de agosto, este ano com uma edição inovadora com propostas vegetarianas por sugestão do deputado Alexandre Pereira, que lançou o desafio ao presidente da Câmara António Miguel Pina.
O deputado do PAN (Pessoas, Animais, Natureza) Olhão refere que “foi com agrado, mas confesso que também com alguma surpresa, que ouvi António Pina acolher a minha sugestão”.
Na última sessão da Assembleia Municipal de Olhão, Alexandre Pereira sugeriu algumas alterações ao tradicional formato do evento.
“Sei que o nome deste evento é Festival do Marisco, mas também sei que, após 34 edições, o Festival é hoje o evento mais conhecido e visitado de Olhão. Neste sentido e para abrir o leque de escolhas e dar oportunidade a quem faça uma alimentação vegetariana, quis lançar o desafio de disponibilizarmos, no recinto, além do que já existe, opções alimentares sem produtos de origem animal”, afirmou Alexandre Pereira .
Para o deputado, “o segredo de um bom xerém é o caldo, e com os legumes e as especiarias certas conseguimos um xerém de vegetais digno de uma estrela Michelin. Outros exemplos de pratos que poderemos ter no festival são os típicos peixinhos da horta, cogumelos à bulhão pato e até uma cataplana vegetariana. Na grande maioria dos pratos típicos portugueses, não é o sabor dos alimentos de origem animal que predomina. As especiarias e condimentos utilizados, os legumes e as ervas aromáticas, estes sim criam impacto na receita e originam combinações que ficam gravadas na nossa memória.”
Em resposta, António Miguel Pina, presidente da Câmara Municipal de Olhão, referiu que durante toda a história do Festival se lutou para evitar desvirtualizar e fugir ao conceito do evento, mas concordou que a mudança faz sentido e que a autarquia está disponível para avançar com a inclusão de alternativas ao marisco.
Alexandre Pereira acrescenta: “recentemente escrevi um artigo onde alertei para a pressão crescente sobre a Ria Formosa e Ecossistemas, esta é uma realidade que não podemos ignorar, a forma como nos relacionamos com a natureza e com todos os seres vivos tem de mudar. No entanto, esta mudança não pode ocorrer através da imposição ou da obrigação, mas sim abrindo o leque de escolhas e opções, ao nível de alterações no estilo de vida, para comportamentos mais sustentáveis e formas de consumo responsáveis, optando por alternativas alimentares saudáveis e sustentáveis. Há cada vez mais pessoas preocupadas com a degradação dos ecossistemas naturais, com a pressão e a pegada ecológica que nós provocamos no planeta, optando por comportamentos e formas de viver mais sustentáveis onde a alimentação representa um ponto de viragem. Assim, quem visitar este ano Olhão, na altura do Festival, poderá optar por provar o marisco ou, em alternativa e pela primeira vez, deliciar-se com outro petisco”.
“Sabemos que a opção pelo vegetarianismo ou veganismo vem acompanhada de alguns estereótipos e preconceitos, principalmente por desafiar padrões construídos culturalmente há milhares de anos. Mas acredito que aos poucos a sociedade está a mudar e temos hoje pessoas mais conscientes e sensibilizadas. Esta será assim uma edição inovadora do Festival do Marisco e a oportunidade para Olhão se destacar pela positiva”, conclui o deputado.