A rede de carregamento da Tesla desempenhou um papel fundamental na sua ascensão como principal fabricante de carros elétricos nos Estados Unidos. Agora, a empresa está a abrir essa rede a marcas concorrentes, uma decisão que terá um impacto significativo na indústria emergente de carregamento elétrico nas estradas.
De acordo com o Financial Times, os milhares de pontos de carregamento da rede Supercharger foram inicialmente projetados apenas para veículos Tesla – uma espécie de “jardim murado”, nas palavras de Elon Musk. Na semana passada, o CEO da empresa anunciou que a Ford poderá utilizar 12.000 postos de carregamento a partir da próxima primavera. A Tesla já havia revelado planos para disponibilizar pelo menos 7.500 locais de carregamento a outras marcas de veículos elétricos até o final de 2024.
Esta abertura da Tesla terá um impacto significativo no ecossistema da indústria emergente de carregamento elétrico, onde empresas especializadas como a Chargepoint Holdings, EVgo Services e Electrify America têm competido para garantir carros de diferentes fabricantes.
“Todos serão afetados de alguma forma se a rede de carregamento da Tesla continuar a expandir-se e abranger mais tipos de veículos”, afirmou Nick Nigro, fundador da consultora Atlas Public Policy. “A Tesla está a identificar oportunidades onde o mercado está a evoluir e reconhecem que têm um excelente serviço de carregamento. Estão agora prontos para disponibilizá-lo a todos os veículos.”
Nos Estados Unidos, existem cerca de 139.000 pontos individuais de carregamento, com pouco menos de 32.000 oferecendo carregamento rápido que pode recarregar uma bateria em cerca de 30 minutos, de acordo com a Atlas. A Tesla opera mais de 19.000 carregadores rápidos. No esforço para impulsionar a adoção de veículos elétricos, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, destacou a necessidade de estabelecer 500.000 carregadores públicos em todo o país até 2030.
Jonathan Levy, diretor comercial da EVgo, mostrou-se otimista em relação a esta mudança da Tesla. “Alcançar a onipresença dos veículos elétricos significa ter um carregamento mais rápido, e a Tesla terá mais, nós teremos mais e os nossos concorrentes também terão mais. O bolo continuará a crescer”, referiu.
No entanto, o projeto enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito à extensão dos cabos dos carregadores. “O cabo precisa ser capaz de alcançar todos os tipos de veículos, desde o Nissan Leaf à frente, ao Hyundai Ioniq 5 atrás à direita, até ao Volvo na parte traseira esquerda, além de lidar com várias voltagens”, explicou Levy. “Portanto, ainda existem muitas questões a serem respondidas.”