Os próximos três meses serão de quebra no volume de venda de habitação em Portugal. Mas não é tudo, os promotores imobiliários também antecipam uma subida mais lenta dos preços das casas, comparativamente ao ritmo registado nos últimos três meses.
Este é o sentimento que consta Portuguese Investment Property Survey (PIPS), realizado pela base de dados da Confidencial Imobiliário e pela Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários (APPII) APPII, e que tem regularidade trimestral.
Na mais recente publicação, tornada pública esta segunda-feira, é assumido que os promotores imobiliários “estão menos confiantes quanto à evolução do mercado residencial”, até ao final deste ano.
Os responsáveis pela análise trimestral do sector notam ainda que “o indicador de expectativas para os próximos três meses situa-se em -28 pontos, regressando a terreno negativo pela primeira vez desde o fim da pandemia”.
Este resultado reflete, segundo os mesmos responsáveis, a degradação das expectativas relativas às vendas, cujo indicador “passou de -17 pontos no inquérito anterior para os atuais -69 pontos”. No que se refere à evolução dos preços, as expectativas para os próximos três meses estão mais contidas, “mas continuam em terreno positivo (de +40 pontos para os atuais +24), sinalizando uma perspetiva de clara desaceleração no ritmo de subida dos últimos tempos”.
Hugo Santos Ferreira, Presidente da APPII, explica que “os promotores imobiliários estão preocupados com todos os fatores de aumento dos custos, que tornam cada vez mais difícil o lançamento de oferta para a classe média”
O presidente da APPII acrescenta ainda que, “uma vez mais destaca-se o tempo de licenciamento das obras como sendo o principal obstáculo à atividade, com impactos muito relevantes na viabilidade das operações, em especial no quadro atual de aumentos dos custos de construção.”
Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, sublinha, por sua vez, que “um dos números mais relevantes neste survey é o aparente redireccionamento da promoção imobiliária para a procura internacional, depois deste mercado ter perdido quota no último par de anos”.
Trata-se, de acordo com o mesmo responsável, de “uma opção estratégica que permitirá aos promotores lançar obras dirigidas a segmentos mais caros, dessa forma conseguindo acomodar o aumento dos custos de construção, e para compradores com mais poder de compra, menos expostos à redução do poder de compra resultante do impacto da inflação e subida nos juros.”
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL