Chama-se Spirit of Innovation (Espírito de Inovação) e tornou-se oficialmente, em janeiro, o avião 100% elétrico mais rápido do mundo. E conta com a ajuda de aglomerados de cortiça do grupo Amorim.
A cortiça, fornecida pela Amorim Cork Composites, a unidade de negócio do grupo liderado por António Rios de Amorim que desenvolve produtos, soluções e aplicações para algumas das indústrias mais sofisticadas do mundo, é usada no revestimento isolante da caixa de bateria do avião, informa a Corticeira em comunicado divulgado esta terça-feira.
No reconhecimento deste aparelho como o mais rápido pesou a verificação oficial das velocidades de 387,4 mph (milhas por hora; o equivalente a 623 quilómetros por hora) alcançadas durante os voos de teste em novembro de 2021 pela Federação Aeronáutica Internacional. E com isto, diz o comunicado, o avião bate três recordes mundiais de velocidade, beneficiando “de uma parceria de longo prazo” entre a Rolls-Royce, construtora automóvel inglesa, a YASA, fabricante inglesa de motores elétricos, e a Electroflight, especialista britânica em armazenamento de energia para aviação e cliente da Corticeira Amorim neste projeto.
Em termos técnicos, a Corticeira Amorim explica que “a Electroflight projetou todo o sistema de propulsão (powertrain) e o sistema de bateria integrado para o «Spirit of Innovation», usando três motores elétricos de fluxo axial, YASA 750 R, e mais de 6.000 células cilíndricas, Murata VTC6 18650 NCA”. E, para concretizar tudo isto, a empresa “necessitava, então, de um material para a caixa da bateria que não fosse apenas estruturalmente robusto, mas também leve e extremamente resistente ao fogo”, o que a conduziu à escolha da cortiça do maior grupo mundial do sector.
NOVOS PROJETOS EM AGENDA
“A caixa da bateria foi uma peça de engenharia extremamente desafiadora, pois todo o sistema de propulsão (powertrain) está conectado à frente da aeronave. A caixa da bateria está, portanto, a fazer um trabalho extremamente importante, não apenas fornecendo contenção no caso de um incêndio na bateria, mas também mantendo a frente da aeronave conectada à estrutura da fuselagem. Além disso, tivemos que manter o peso no mínimo absoluto e garantir que o produto usado para a caixa da bateria fosse altamente resistente ao fogo”, explica Douglas Campbell, diretor técnico da Electroflight, à espera de continuar a trabalhar com o grupo português para “desenvolver novas tecnologias que vão apoiar a eletrificação e a descarbonização da aviação”.
A invenção única, já patenteada, “teve o benefício adicional de ser feita de materiais naturais sustentáveis – um componente vital tendo em conta o objetivo geral do projeto governamental do Reino Unido denominado ACCEL: acelerar a descarbonização da aviação”, precisa a Corticeira.
“No seguimento da COP26, realizada em novembro passado, a necessidade da eletrificação nunca foi tão evidente, estando a aviação no topo das prioridades”, destaca António Rios de Amorim, que considera “uma honra trabalhar com empresas de classe mundial como a Electroflight e a Rolls-Royce para progredir ainda mais no caminho para a descarbonização da aviação”.
“O facto de termos criado uma nova solução que agora pode ajudar outros nesse caminho é extremamente gratificante. Esperamos mais projetos nesta área que defendam o uso da cortiça, um dos mais sustentáveis produtos da Natureza”, conclui o presidente desta empresa que emprega 4.400 pessoas, está presente em mais de 100 países, com uma rede de 27 mil clientes, e fechou 2021 com vendas de 837,8 milhões de euros.
- Texto: Expresso, jornal parceiro do POSTAL