A realização do Grande Prémio de Portugal de MotoGP, em Portimão, pelo segundo ano consecutivo promove expectativas elevadas no presidente da Federação de Motociclismo de Portugal (FMP), desanimado com a ausência de público.
“É um evento muito importante para Portimão, para o Algarve, o país e o desporto nacional, em particular para o motociclismo. É pena não podermos ter público. Já no ano passado assim sucedeu, mas não deixou de ser um grande evento. Por isso, é com muito orgulho que voltamos a receber a prova rainha”, admitiu Manuel Marinheiro à agência Lusa.
A terceira etapa do Mundial de motociclismo de velocidade de 2021 decorrerá de sexta-feira a domingo, no Autódromo Internacional do Algarve (AIA), em Portimão, quase cinco meses depois do triunfo de Miguel Oliveira (KTM), também com as bancadas vazias.
“Foi quase unânime o elogio de todos os pilotos e equipas, não só à organização do AIA, mas também às características deste traçado particular. Os portugueses já deram provas de excelência na organização de eventos internacionais, tanto de motociclismo, como de automobilismo. A nossa ansiedade era apenas para que nos dessem outra chance de demonstrar que organizamos tão bem ou melhor que qualquer outro país”, partilhou.
Manuel Marinheiro afiança que a “enorme capacidade de lugares” do recinto garantiria as medidas restritivas de combate à pandemia de covid-19, tal como defendeu antes da corrida decorrida em 22 de novembro de 2020, embora aceite a decisão governamental.
“Não estive presente na etapa de Fórmula 1 [em 25 de outubro de 2020]. De qualquer forma, e pela informação recolhi, pareceu-me que as situações que correram menos bem foram de alguma forma empoladas. Se o motociclismo pagou por isso? Eventualmente sim, mas terão de ser as autoridades competentes a dar a sua perspetiva”, comentou.
O AIA voltará a acolher este ano corridas das duas categorias rainhas de desportos motorizados, e, no caso do motociclismo, evoluiu de suplente a circuito efetivo, tendo em conta o aumento de casos de infeção e de mortes por covid-19 no continente americano.
“É mérito de um conjunto enorme de pessoas, principalmente de todos aqueles que na sua grande maioria são voluntários. Há vários anos que temos quase todas as disciplinas do motociclismo com provas do Mundial em Portugal. Faltava o MotoGP, que havíamos perdido em 2012 e recuperámos agora, esperando que seja por muito tempo”, vincou.
Com “expectativas naturalmente elevadíssimas”, Manuel Marinheiro espera ver Miguel Oliveira (KTM) alcançar o terceiro triunfo no Mundial de motociclismo de velocidade, repetindo desempenhos alcançados na época passagem em Estíria, na Áustria, e em Portimão.
“Vai fazer tudo o que esteja ao seu alcance para poder ter nova vitória em Portugal. Julgo que a questão do público é mais um sentimento de perda para as próprias pessoas, a quem gostaríamos de proporcionar este espetáculo. Outros anos haverá e outras oportunidades surgirão, mas apoiaremos o Miguel dentro ou fora do autódromo”, frisou.
O líder da FMP acredita que o piloto de Almada “encontrará outras motivações como sempre fez”, mas “não será” pela ausência de adeptos que “irá ganhar ou perder”, na sequência de um 13.º e um 15.º lugares obtidos na abertura do campeonato, no Qatar.
“Não me parece que acresça nenhuma responsabilidade. Estamos a falar da elite e todos são muito bons. O Miguel tem feito a sua evolução normal, com uma moto nova, e teve problemas técnicos que serão resolvidos. Conhecendo-o, diria que esses resultados menos bons não irão afetar a sua performance ou motivação para Portimão”, finalizou.
A alinhar na equipa de fábrica da KTM, depois de dois anos na satélite Tech3, Miguel Oliveira chega à 16.ª edição do Grande Prémio de Portugal no 14.º posto do Mundial de MotoGP, com quatro pontos, menos 36 do que o líder, o francês Johann Zarco (Ducati).