O dia de corrida para os pilotos de Fórmula 1 é passado a dividir atenções entre os patrocinadores e os engenheiros das várias especialidades, contaram à Agência Lusa três antigos pilotos portugueses.
Tiago Monteiro, Pedro Lamy e Pedro Matos Chaves são unânimes em garantir que um dia de corridas para um piloto de Fórmula 1 é tudo menos glamoroso.
“Por norma, chegamos cedo ao circuito, por volta das 07:00, 07:30”, recorda Tiago Monteiro, que correu na Fórmula 1 em 2005 e 2006.
O piloto portuense frisou que o tempo passado fora do monolugar “é passado quase todo a comentar o carro”, com os engenheiros das diversas especialidades, como a aerodinâmica, motor ou estratégia.
“Por volta das 11:00, comia qualquer coisa, leve e com hidratos de carbono, normalmente massa com frango”, lembra.
A mesma ementa seguia Pedro Lamy nas quatro temporadas em que participou no Mundial, entre 1993 e 1996. A noite de sono é que nem sempre era bem passada.
“Tentava dormir bem, mas não era uma noite igual às outras”, admite o antigo piloto da Lotus e Minardi.
O problema eram mesmo os circuitos que se situam longe das áreas hoteleiras, como em Silverstone (Inglaterra) ou Istambul (Turquia).
“O [Nigel] Mansell até costumava dormir numa autocaravana dentro do circuito, para evitar as filas de manhã”, conta Pedro Matos Chaves, que passou pelo Mundial de Fórmula 1 em 1991.
Tiago Monteiro também recorda as filas intermináveis, sobretudo para o GP da Turquia: “Era uma confusão, não havia hotéis perto da pista. Alguns pilotos iam de helicóptero para o circuito, mas nós não tínhamos dinheiro para isso, tínhamos de sair sempre cedo.”
Noutras provas, como em Indianápolis (EUA) ou Budapeste (Hungria), o trânsito também era de tal forma intenso, que Tiago Monteiro chegou a ser “escoltado pela polícia para fugir às filas”.
Nos poucos tempos mortos, havia ainda compromissos com patrocinadores ou com adeptos.
“Faz parte da responsabilidade de se ser piloto”, garante Lamy.
Depois de toda essa azáfama, era tempo, então, de entrar para “lá para dentro” e correr.
“No fim é que já dava para relaxar um bocadinho. Antes, com os nervos e com a adrenalina, nem fome temos. Com o esforço, o corpo também fica maltratado, pelo que logo a seguir também não há fome. Mais à noite, sim, já podemos comer mais à vontade”, garante Monteiro, o único a provar o champanhe do pódio, em Indianápolis, em 2005.
Depois dessa corrida atípica – apenas participaram seis carros devido a uma polémica com os pneus para a corrida -, ainda deu para festejar com alguns dos adversários no avião de regresso a Inglaterra.
Em Portimão, onde este domingo se disputa o Grande Prémio de Portugal de Fórmula 1, os pilotos têm à disposição uma grande capacidade hoteleira em redor do circuito (e no próprio circuito).