A segurança dos ciclistas continua a ser uma das principais preocupações no ciclismo profissional, com o Algarve a ser recentemente palco de um incidente que trouxe a questão para o centro das atenções. Durante a 51.ª Volta ao Algarve, um erro de sinalização levou à anulação da primeira etapa, depois de mais de 90 ciclistas terem seguido pela saída errada e falhado a meta.
O presidente da Associação Portuguesa de Ciclistas Profissionais (APCP), Paulo Couto, em declarações à Lusa, referiu-se ao ocorrido como um exemplo da importância da segurança na organização das provas. “E até espero que este exemplo do que se passou no Algarve reforce esse sentimento dos organizadores, que a segurança dos corredores está em primeiro lugar. Vemos que um erro como aquele que se passou no Algarve custa caro a uma organização, custa caro aos ‘sponsors’ que apoiam as organizações”, alertou.
A APCP, que celebrou esta quarta-feira três décadas de atividade, tem a segurança em prova, o pagamento de prémios e as condições de trabalho dos corredores como as suas principais preocupações. Paulo Couto sublinha que, apesar das melhorias ao longo dos anos, ainda existem desafios a superar. “As preocupações são idênticas às que motivaram a criação da nossa associação, que são sempre as questões das condições de trabalho dos corredores, do pagamento de prémios e das questões de segurança em prova”, enumerou.
Os ciclistas enfrentam dificuldades devido à crescente presença de mobiliário urbano e à falta de sinalização adequada em algumas provas nacionais. “Quando assistimos a uma Volta a França, a um Giro, vemos alguns melhoramentos com painéis digitais, de viragem à direita, viragem à esquerda. Aqui também temos observado em algumas corridas, felizmente, o aumento da sinalização”, reconheceu Couto.
Para além da segurança, o pagamento dos prémios continua a ser uma preocupação. A APCP tem trabalhado em conjunto com a Federação Portuguesa de Ciclismo para pressionar as organizações a liquidar valores em atraso. “Temos corridas em falta do ano 2021, é inadmissível. Os ciclistas portugueses precisam do valor dos prémios como um complemento importante do seu salário”, denunciou o presidente da APCP.
Apesar dos desafios, Paulo Couto destaca avanços na situação laboral dos ciclistas, nomeadamente a oficialização dos contratos de trabalho e os descontos para a Segurança Social. “Finalmente, agora temos os corredores com um contrato de trabalho, com descontos para a Segurança Social. Isso foi uma grande vitória também da associação”, afirmou.
Com o Algarve a ser um destino de referência no ciclismo nacional e internacional, as preocupações levantadas pela APCP reforçam a necessidade de continuar a investir na segurança e nas condições para os atletas. A esperança é que episódios como o ocorrido na Volta ao Algarve sirvam de alerta para futuras melhorias na organização das competições.
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