A existência do Ballet Gulbenkian no contexto da história da dança em Portugal é contada no documentário “Um corpo que dança”, de Marco Martins, que antestreia esta terça-feira, em Lisboa, anunciou a Fundação Calouste Gulbenkian.
“Um corpo que dança” conjuga imagens inéditas de arquivo e entrevistas a criadores, historiadores, bailarinos e diretores do Ballet Gulbenkian, extinto pela fundação em 2005.
“Além de dar a ver o trajeto de uma das maiores companhias de dança portuguesas do século XX, a obra revela o modo como o Ballet Gulbenkian espelhou a sociedade em que viveu”, refere a fundação em comunicado.
O filme de Marco Martins conta com depoimentos de nomes como as coreógrafas Olga Roriz, Vera Mantero, Clara Andermatt, o coreógrafo Vasco Wellenkamp, assim como Jorge Salavisa e Milko Sparemblek, antigos diretores artísticos do Ballet Gulbenkian.
A companhia de dança Ballet Gulbenkian foi fundada em 1965 e extinta em 2005.
A decisão de extinguir a companhia foi anunciada num contexto de mudanças no panorama da dança em Portugal e no âmbito de uma reestruturação da fundação, cujo conselho de administração era, à época, presidido por Rui Vilar.
A companhia tinha 27 bailarinos e era dirigida pelo coreógrafo e programador Paulo Ribeiro.
“Quarenta anos depois, o panorama da dança em Portugal alterou-se profundamente” no que se refere à “criação, acesso ao reportório internacional e formação profissional”, sustentou a administração da fundação em 2005.
Para contrabalançar a decisão, a fundação propôs a criação de bolsas de formação, programas de apoio a digressões no estrangeiro, e apoio a escolas e companhias através e ‘ateliers’ e ‘masterclasses’ com professores convidados.
Na altura, a decisão da Fundação Calouste Gulbenkian causou surpresa na comunidade de profissionais da dança e até protestos por parte de diversas entidades privadas e partidos políticos.
Entre 1965 e 1969, a direção artística do Ballet Gulbenkian esteve a cargo do coreógrafo britânico Walter Gore, com quem a companhia adquiriu e consolidou o caráter profissional da dança.
Na década seguinte, entre 1970 e 1975, a companhia teve como diretor artístico o croata Milko Sparemblek, que a conduziu para a dança moderna, mantendo alguns clássicos cujas criações foram assinadas pelo próprio Sparemblek.
Jorge Salavisa, diretor artístico entre 1977 e 1996, imprimiu uma abertura da companhia à contemporaneidade, encorajou a revelação e apoiou o desenvolvimento da carreira de coreógrafos nacionais, fomentando, ainda, a formação de bailarinos portugueses através de cursos especiais anexos ao Ballet Gulbenkian.
Entre março de 1996 e julho de 2003, a direção artística da companhia esteve a cargo da brasileira Iracity Cardoso, tendo sido sucedida por Paulo Ribeiro até ao final.
“Um corpo que dança” foi produzido pela Vende-se Filmes, com o apoio da RTP, e a estreia tanto em sala como em televisão não tem ainda data anunciada.