A peça “Batalha”, em estreia em Faro, em 3 de novembro, tem por base uma turma de repetentes do 11.º ano que é selecionada para contar a história de Portugal ao mundo via ‘streaming’ e decide focar-se nos “anti-heróis”.
Com texto de Sandro William Junqueira e encenação e dramaturgia de João Brito, trata-se de uma criação do Lama Teatro integrada na digressão “Odisseia Nacional” do Teatro Nacional D. Maria II.
Para João Brito, a peça é “um laivo de esperança no meio de uma nuvem negra”.
Depois da estreia no Teatro das Figuras, e de outra sessão no dia seguinte, a peça será representada em Portel (dias 10 e 11), Sines (17 e 18) e Ponte de Sor (23 a 25 de novembro).
Em palco vai estar uma turma de repetentes – o 11.º F – que depois de responder a um repto lançado pelo Presidente da República foi selecionada para transmitir ao mundo, via ‘streaming’, vários episódios da história de Portugal.
A ação dá-se no cenário da sala de aulas, fixada numa estrutura metálica simulando mesas, umas colocadas de forma normal e outras de pernas para o ar, remetendo o espectador para um campo de batalha.
Um quadro acrílico e uma janela fazem também parte da sala de aula, sendo esta o meio de ligação de alunos e professora para o mundo exterior.
Depois de selecionados, os alunos começam a tentar desconstruir o que consideram ser a história de Portugal.
O 11.º F acaba por construir uma história de “anti-heróis”, fazendo sobressair as pessoas e as culturas que já habitavam as ex-colónias portuguesas quando lá chegaram os “descobridores”, sublinhou João Brito à Lusa no final de um ensaio da peça.
O protagonismo da história volta-se para as pessoas “camufladas” ao longo de séculos e para as micro-histórias desvalorizadas em detrimento dos heróis “descobridores”.
“Já lá estavam pessoas, culturas” e “nós só fomos invadir” são frases que se ouvem ao longo da peça, pautada pela ironia e comicidade.
Sem pretender ser uma lição de moral nem dar respostas concretas, “Batalha” deixa, sobretudo, no ar muitas questões.
A partir de ideias de João Brito, o diretor artístico e encenador do Lama Teatro convidou Sandro William Junqueira, escritor nascido no que é hoje o Zimbabué, para escrever um texto.
Com consultoria pedagógica e histórica de Jorge Ramos do Ó, os alunos vão também elaborando o vídeo à medida que a peça decorre.
É um espectáculo para “fazer pensar” e uma “espécie de homenagem aos professores, numa altura em que estes andam tão maltratados, e apesar de tudo continuam a ajudar os alunos a dizerem aquilo que querem”, concluiu João Brito.
A interpretar estão Ana de Oliveira e Silva, André Rodrigues, Benedito José, Catarina Couto Sousa, Joana Bárcia, João de Brito, João Santos e Patrícia Fonseca, num espetáculo direcionado para maiores de 12 anos, mas que contará também com sessões para alunos do 3.º ciclo do ensino básico e do ensino secundário.
No final das sessões, decorrerá uma conversa com a equipa artística.
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