O escritor João de Melo vai estar em Loulé esta quarta-feira, dia 10, pelas 21.30 horas, para o seu “discurso directo” no Auditório da Biblioteca Municipal Sophia de Mello Breyner Andresen, e pelas 15 horas conversará, em tertúlia, no Pólo da Biblioteca em Quarteira. O escritor é apresentado por Ana Bela Conceição, professora da Escola Laura Ayres, que modera também o debate após a intervenção do escritor.
João de Melo é nome grande da geração literária portuguesa que irrompeu após o 25 de Abril, deixando marca logo em 1977, com o romance “A Memória de Ver Matar e Morrer”, memória de guerra que em posterior reedição, em 1984, receberia o título “Autópsia de Um Mar de Ruínas”. Esta obra, que sinaliza a dramática experiência portuguesa em África, é indissociável da recolha antológica de 1988, “Os Anos da Guerra – 1951-1975. Os Portugueses em África. Crónica, Ficção e História”, que colocou João de Melo na galeria dos autores nacionais de referência.
Percurso de João de Melo
Natural dos Açores, João de Melo foi professor, editor e crítico literário. A sua consagração definitiva como escritor ocorreria também nesse ano de 1988, com a obra “Gente Feliz com Lágrimas”, por certo o seu livro mais emblemático mas já fora do tema colonial, e com o qual recebeu o Grande Prémio de Novela e Romance da Associação Portuguesa de Escritores. Receberia ainda o Prémio Eça de Queiroz/Cidade de Lisboa, Prémio Cristóvão Colombo (Capitais Ibero-americanas), Prémio Fernando Namora, Prémio Antena 1, Prémio «A Balada» e Prémio Dinis da Luz. Antes, em 1983, já tinha surpreendido a crítica e despertado o interesse internacional com outra obra marcante – “O Meu Mundo Não É Deste Reino”.
João de Melo tem a sua obra traduzida em Espanha, Itália, França, Holanda, Roménia, Bulgária, Estados Unidos, Hungria, Alemanha, Reino Unido, Sérvia e México.
“Gente Feliz com Lágrimas” foi adaptado ao teatro pelo grupo O Bando, e a telefilme e a série de televisão pelo realizador José Medeiros.
Refira-se que João de Melo foi por largos anos conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Madrid, numa altura em que a política externa cultural portuguesa visou colocar nomes maiores da Cultura em capitais-chave (Eduardo Prado Coelho e Nuno Júdice em Paris, Eduardo Lourenço em Roma, por exemplo).
João de Melo segue-se a Pepetela, Carlos Vale Ferraz e Raquel Varela, quando estão anunciadas as próximas vindas a Loulé (com sessões repartidas entre a Biblioteca Sophia de Mello Breyner Andresen e Escolas ou Associações) até final do ano, de Manuel Alegre, Mário de Carvalho, José Manuel Mendes, Nuno Júdice, Lídia Jorge, Inês Pedrosa, Gastão Cruz e Luís Castro Mendes, entre outros.
O programa “Discursos Directos” da Biblioteca Municipal de Loulé insere-se nas iniciativas levadas a cabo pela Comissão Concelhia para as Comemorações dos 40 Anos do 25 de Abril.
Como vem sendo habitual, João de Melo, no final da sessão na Biblioteca Sophia de Mello Breyner Andresen, autografa obras suas que estão em banca à disposição dos interessados.