
A inauguração da Olaria, que decorreu na passada quinta-feira, dia 10 de Maio, insere-se nas iniciativas que têm sido desenvolvidas no âmbito do projecto Loulé Criativo. Situada no edifício recuperado da centenária Olaria de José João Velhote em pleno Centro Histórico de Loulé, esta nova Olaria, foi adquirida e reerguida pelo Município.
O espaço, que está junto à muralha medieval, permite o funcionamento de duas valências que se articulam e complementam. Na primeira, Domingos Gonçalves “Xavier”, que apenas deixou de exercer a função de oleiro naquele local quando o mesmo entrou em ruínas, volta a pôr as mãos no barro. Já na segunda, integrando o projecto Loulé Criativo, trabalharão oleiros e ceramistas em períodos de incubação, permitindo a experimentação, o lançamento e a consolidação na actividade.
O espaço servirá também como centro de recursos para uma dezena de profissionais que desenvolve actividade no concelho, uma vez que apresentará uma “montra” com o objectivo de divulgar a oferta de produtos e serviços existentes. Para além disso, ocorrerão acções de capacitação para profissionais do sector, em simultâneo com a aproximação de alunos e outros públicos à actividade da olaria. Neste momento inicial, estarão representados no espaço Bernadette Martins, José Machado Pires, Francisco Velez, Ricardo Inácio, Isabel Valente, Teresa’s Pottery e Pedro Piedade.
O projecto Loulé Criativo, onde se insere esta olaria, tem em vista a valorização dos ofícios, preservando competências e estimulando a criação de novas formas e de novas utilizações. Isto tudo, a partir de saberes e técnicas que são parte do património imaterial concelhio.
Na memória dos louletanos, permanecem as antigas olarias e telheiros dispersos pela cidade e pela sua periferia. Nessas olarias produziam-se vasilhas para vários usos, o transporte ou guarda da água, azeite, conservas de azeitonas – cântaros, infusas, potes – alcatruzes para a pesca. Já nos telheiros moldava-se e cosiam-se telhas e ladrilhos.
“Será mais um polo de interesse”
No dia em que decorreu esta iniciativa, inserida no programa comemorativo do aniversário do concelho, Vítor Aleixo, presidente da autarquia, manifestou a sua satisfação por tratar-se de mais um espaço integrado num conceito bem sucedido na cidade, como também devido às olarias fazerem parte da memória colectiva de Loulé e das suas gentes.
Numa perspectiva mais contemporânea, característica do Loulé Design Lab, e à semelhança da Casa da Empreita e da Oficina do Caldeireiro, esta recém Olaria será “mais um polo de interesse”.
“A nossa intenção é fazer emergir Loulé de um ciclo difícil que ultrapassou num passado recente, agarrando nas nossas melhores tradições, neste caso que têm a ver com o artesanato, com as actividades económicas que eram muito marcantes e vigorosas há 50, 60, 70 anos na cidade de Loulé, convertendo-as num produto que é simultaneamente cultural, de memória, mas com a capacidade de atrair turistas que, cada vez mais, procuram conhecer a identidade dos locais e povos que visitam”, acrescentou o presidente.
Vítor Aleixo finalizou realçando a vertente comercial do espaço, uma vez que os artistas e criativos terão a oportunidade de vender e promover as suas peças.
(Maria Simiris / Henrique Dias Freire)