O presidente da Região de Turismo do Algarve, Desidério Silva, disse esta quarta-feira esperar que a intenção do Governo de rescindir os contratos de prospecção e exploração de petróleo na região se confirme e marque o abandono “definitivo” dessa actividade.
“Acho que é uma boa decisão e espero que ela se concretize em termos concretos e objectivos, porque muitas vezes as intenções nem sempre são depois realmente efectivas e aqui espera-se que, além da intenção, haja de vez um corte definitivo com essa ideia da exploração de petróleo no Algarve”, afirmou Desidério Silva em declarações à agência Lusa.
O presidente da Região de Turismo do Algarve classificou como “boa esta intenção do Governo de acabar com a exploração petróleo e gás na região” e sublinhou que essa “tem sido uma luta, uma das áreas de intervenção, no contexto da Região de Turismo” algarvia (RTA).
“Nós não podemos andar todos os dias a fazer promoção nos mercados emissores, ainda por cima em mercados emergentes, e naqueles que são os nossos mercados tradicionais, e depois termos uma fragilidade de uma suposta intervenção no território dentro dessas áreas” da exploração de hidrocarbonetos, afirmou Desidério Silva.
O responsável salientou a afirmação “cada vez maior” do Algarve como um destino competitivo no turismo e considerou que o valor criado por esse sector “é superior àquilo que será o valor das receitas do petróleo”.
“Já temos um ‘petróleo’ natural, já temos um território fantástico, já temos no âmbito das verbas do Produto Interno Bruto nacional valores que chegam perto dos cinco mil milhões de euros anuais provenientes da indústria do turismo, e penso que seria muito mau para a região ser fragilizada com estas intervenções”, justificou Desidério Silva.
Desidério Silva defende que o Algarve é ‘um destino natural e ecológico’
O presidente do Turismo do Algarve alertou ainda para o aproveitamento feito por mercados concorrentes, que “tudo fariam para que houvesse uma percepção de uma região que tem estas intervenções antiambiente e que acabariam por criar as condições para que o Algarve deixasse de ser o destino que é”.
Desidério Silva frisou que o Algarve é “um destino natural, ecológico, onde a segurança, a qualidade de vida, as diferentes ofertas se encaixam muito bem naquilo que é cada vez mais a procura do turismo e, nomeadamente, no turismo de natureza”.
A reacção do Turismo do Algarve surge depois de o Governo ter confirmado ao Diário de Notícias que vai rescindir os contratos com a empresa Portfuel para prospeção e exploração de petróleo ‘onshore’ nas áreas designadas por Aljezur e Tavira.
O executivo adiantou também que deu já início ao processo de rescisão e execução das garantias bancárias no caso do consórcio que reúne Repsol e Partex e que previa a prospecção, pesquisa, desenvolvimento e produção de petróleo na bacia do Algarve.
Estes contratos têm sido objecto de grande contestação no Algarve por várias associações, movimentos cívicos e vários agentes políticos e económicos, que denunciaram as suas preocupações ambientais, económicas e sociais, caso a exploração de hidrocarbonetos se concretizasse, e que hoje se congratularam também com a anunciada rescisão.