O único alfarrabista de Faro Carlos Simões durante mais de 20 anos, morreu esta sexta-feira aos 79 anos, segundo a agência funerária Correia.
De acordo com o obituário publicado nas redes sociais, o emblemático alfarrabista, nascido em 25 de julho de 1943, tem o seu velório na segunda-feira, a partir das 10:30, na Igreja de São Luís, em Faro, e o funeral será realizado para o novo cemitério da capital algarvia logo a seguir à celebração de uma missa que está prevista começar às 11:30 do mesmo dia.
A livraria que Carlos Simões teve na Rua do Alportel, em Faro, foi forçada a encerrar em julho de 2015, devido a uma ordem de despejo, depois de mais de 20 anos disponível para os clientes, que procurassem livros raros e fora dos circuitos de impressão.
O alfarrabista não levou consigo na altura nenhuma das centenas de milhares de obras que lá se encontravam, restando-lhe os livros que guardava no armazém onde “manteve a porta aberta durante mais alguns anos”, segundo um cliente.
“Fui surpreendido pelas autoridades e nem tive tempo de selecionar o que queria, fiquei com o que já tinha neste armazém”, contou à Lusa em 2015 o alfarrabista, apontando para as prateleiras do armazém, situada perto do local conhecido como a “Praceta do Rodolfo”, em Faro, um espaço que anteriormente usava como apoio para armazenar o espólio.
O alfarrabista acabou por doar o acervo da antiga loja à Câmara Municipal de Faro, que organizou uma operação de seleção e distribuição entre a Biblioteca Municipal de Faro e a biblioteca da Universidade do Algarve.
Natural de Oliveira do Hospital, órfão, passou a infância e parte da adolescência em colégios da instituição Bissaya Barreto “até aos 17 ou 18 anos”, tendo alimentado a paixão pelos livros desde pequeno.
Simões contou que, nessa altura, chegava a levar uma pequena lanterna para a cama, onde lia livros infantis e juvenis debaixo dos lençóis.
Em 2013, a Câmara Municipal de Faro atribuiu-lhe uma medalha de mérito, grau prata.