A sinistralidade rodoviária não resulta apenas do traçado das vias, mas sobretudo do estado do veículo e do comportamento ao volante. Ainda assim, há troços onde a prudência deve aumentar, porque nem sempre a velocidade máxima é adequada às condições reais. Entre as estradas mais perigosas, o verão traz mais pressão sobre eixos turísticos, e no Algarve há segmentos que exigem atenção redobrada.
A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária identificou cinco vias com forte concentração de troços críticos: IC2, EN125, IC1, A1 e EN109. São percursos com fluxos intensos, transições urbanas frequentes e ligações a áreas industriais ou turísticas, fatores que elevam a probabilidade de conflito e a necessidade de condução defensiva.
Um ponto negro corresponde a um troço até duzentos metros onde, em três anos, ocorreram pelo menos cinco acidentes com vítimas e um indicador de gravidade igual ou superior a vinte. No levantamento mais recente, foram identificados cento e setenta e cinco pontos negros em Portugal Continental, com maior incidência em Lisboa, Porto, Braga, Setúbal e Aveiro.
IC2
Entre Coimbra, Leiria e a Grande Lisboa foram mapeados vários segmentos com índice elevado de sinistralidade. A ausência de separadores centrais em alguns troços, cruzamentos frequentes e visibilidade condicionada está associada a colisões e atropelamentos, sobretudo em períodos de maior fluxo.
EN125
A via que atravessa o Algarve de leste a oeste mantém-se entre as estradas mais perigosas, com cruzamentos diretos, tráfego sazonal intenso e coexistência com veículos agrícolas e ciclomotores. Em segmentos entre Lagoa e Olhão houve registo de ocorrências com feridos graves e vítimas mortais, o que justifica reforço de fiscalização e gestão de velocidade.
IC1
Esta estrada, que começa em Caminha, no norte de Portugal, e termina em Albufeira, no Algarve, tem entre Ourique e Alcácer do Sal zonas sinuosas, curvas fechadas e sinalização irregular, cenário que tem favorecido despistes e colisões frontais. Ultrapassagens mal calculadas e excesso de velocidade estão na base de muitos incidentes reportados ao longo dos últimos anos.
A1
A autoestrada do Norte regista colisões em cadeia e choques traseiros, em especial nas áreas de Santarém e Albergaria-a-Velha. O volume de tráfego, incluindo veículos pesados, aumenta a probabilidade de conflitos, pelo que a gestão das distâncias de segurança é determinante.
EN109
Entre a Figueira da Foz e Vila Nova de Gaia, a via cruza zonas densas e corredores de transporte de mercadorias. Passagens de peões com sinalização insuficiente, ausência de separadores e cruzamentos diretos explicam a incidência de acidentes, incluindo os que envolvem peões e ciclistas.
Em 2024 registaram-se trinta e oito mil e trinta e sete acidentes com vítimas, dos quais resultaram quatrocentas e setenta e sete vítimas mortais, dois mil setecentos e cinquenta e seis feridos graves e quarenta e quatro mil seiscentos e dezoito feridos ligeiros. Em 2023 tinham sido trinta e seis mil quinhentos e noventa e cinco acidentes com vítimas, quatrocentas e setenta e nove vítimas mortais, dois mil seiscentos e quarenta e seis feridos graves e quarenta e dois mil oitocentos e noventa feridos ligeiros.
Excesso de velocidade, condução sob efeito de álcool e manobras perigosas continuam a liderar as causas. Em zonas turísticas como o Algarve, a conjugação de tráfego sazonal e atravessamentos urbanos reforça a necessidade de atenção nos troços assinalados como estradas mais perigosas.
A recomendação é ajustar o estilo de condução ao estado do piso, à visibilidade e ao entorno urbano, mesmo quando o limite legal permitir mais. A leitura antecipada do cenário e a moderação da velocidade têm impacto direto na severidade dos acidentes.
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