A indústria da mobilidade aérea urbana está cada vez mais próxima de revolucionar o transporte urbano com o uso de veículos elétricos de decolagem e aterragem vertical, conhecidos como eVTOLs. À medida que o espaço aéreo se torna mais concorrido, uma solução inovadora para a gestão do tráfego aéreo promete transformar a experiência. A Eve, empresa da Embraer dedicada à mobilidade urbana, em parceria com a Revo, pertencente ao Omni Helicopters International Group, desenvolve o software Vector, projetado para automatizar e organizar o tráfego aéreo de forma semelhante ao GPS nas estradas. Segundo Alice Altíssimo, vice-presidente da Eve, o lançamento do Vector está previsto para a segunda metade de 2025, oferecendo uma resposta à crescente procura por helicópteros e eVTOLs no espaço aéreo urbano.
A tecnologia atual de gestão de tráfego aéreo, baseada em sistemas como o ADS-B (Automatic Dependent Surveillance-Broadcast), permite que as aeronaves transmitam suas posições e altitudes em tempo real. Contudo, ainda depende de comunicação manual entre pilotos e controladores de voo, o que implica mais paragens e aumenta o consumo de combustível. Segundo Altíssimo, “Em um voo de 8 minutos, se há quatro paradas, 50% do combustível é desperdiçado. Isso é custo e CO₂ emitido sem necessidade”. O Vector promete reduzir em até 50% o consumo de combustível em rotas curtas, coordenando trajetos de modo a evitar esperas e paragens desnecessárias.
Recentemente, a Revo iniciou os testes operacionais do Vector em São Paulo, conhecida por ser a cidade com o maior volume de operações de helicópteros no mundo. Em simulações realizadas no centro de operações da Revo, o sistema monitorizou cerca de 10 voos por dia, analisando atrasos, restrições de espaço aéreo e condições meteorológicas para validar a capacidade de ajuste de rotas. “Queremos ser a primeira companhia aérea com eVTOLs e o Vector em operação”, afirmou João Welsh, CEO da Revo.
O sucesso deste sistema GPS depende de regulamentação específica. A Eve colabora com entidades como a Federal Aviation Administration (FAA) dos Estados Unidos e a Agência Europeia para a Segurança da Aviação (AESA) para definir regulamentos internacionais que permitam a comercialização do Vector. No Brasil, a implementação está sujeita à aprovação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea).
Além de facilitar as operações de mobilidade aérea urbana, a Revo e a Eve projetam que o Vector contribuirá para democratizar o acesso a este tipo de transporte. Atualmente, o custo de uma viagem de helicóptero em São Paulo ronda os 450 dólares por pessoa, mas a previsão é de que este valor seja reduzido significativamente. “O nosso objetivo é tornar o serviço acessível a um maior número de pessoas”, explicou Welsh.
Para sustentar o crescimento, a Eve angariou recentemente 50 milhões de dólares em financiamento do Citibank, complementando um investimento anterior de 95,6 milhões de dólares de investidores globais, e firmou uma linha de crédito de 500 milhões de reais com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Estes recursos destinam-se à construção de uma fábrica em Taubaté (SP), com capacidade para produzir até 480 aeronaves eVTOL por ano, expandindo as operações da Embraer e consolidando o Brasil como centro de desenvolvimento de mobilidade aérea urbana.
Com um potencial estimado de 2.900 cartas de intenção de compra de eVTOLs em 13 países, este GPS da mobilidade urbana aérea poderá, em breve, deixar de ser uma visão futurista e tornar-se uma realidade global, com São Paulo como um dos epicentros desta inovação.
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