No coração de África, a Namíbia guarda um dos mais curiosos enigmas geográficos do continente: a Faixa de Caprivi. Este estreito corredor de terra, com cerca de 500 quilómetros de extensão, destaca-se como um apêndice peculiar no mapa. A origem desta fronteira remonta ao final do século XIX, resultante de um erro estratégico da Alemanha durante a divisão colonial de África, em 1890. Saiba mais acerca desta zona fronteiriça neste artigo.
O episódio centraliza-se no Tratado de Heligoland-Zanzibar, um acordo firmado entre a Alemanha e o Reino Unido, no qual os alemães cederam a ilha de Zanzibar aos britânicos em troca desta porção de território, segundo a Executive Digest. A Alemanha pretendia, com isso, garantir acesso ao rio Zambeze, acreditando que seria uma via estratégica para ligar as suas colónias africanas ao oceano Índico. Contudo, os alemães desconheciam que o Zambeze não era navegável devido à presença das imponentes Cataratas Vitória, que bloqueiam qualquer possibilidade de transporte fluvial.
O chanceler alemão Leo von Caprivi, responsável pela negociação, acabou por enfrentar críticas severas quando se percebeu a inutilidade estratégica da Faixa. Enquanto os britânicos reforçavam o seu domínio no oceano Índico, a Alemanha ficou limitada a um território sem valor prático. Apesar de tentativas para reverter o acordo, o tratado já estava assinado e não havia retorno.
Atualmente conhecida como Região de Zambeze, a Faixa de Caprivi permanece como um testemunho singular das decisões precipitadas das potências coloniais do século XIX. Além disso, é um dos poucos locais no mundo que faz de fronteira entre 4 países: Namíbia, Botsuana, Zâmbia e Zimbabué, formando um raro “quadrifínio” internacional.
Embora a sua origem esteja ligada a um equívoco colonial, a região é hoje reconhecida pela sua riqueza natural e cultural. Ali situam-se parques nacionais como Bwabwata e Mudumu, importantes refúgios de biodiversidade que preservam ecossistemas únicos e espécies emblemáticas do continente africano. As comunidades locais, por sua vez, mantêm tradições ancestrais, que resistem ao passar do tempo e à influência da modernidade.
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