
Faleceu hoje o farense José Zambujal de doença cancerígena, um homem de talentos com um grande coração.
Filho do humorista desportivo Francisco Zambujal e sobrinho do escritor e jornalista Mário Zambujal, a carreira de José Azambujal foi igualmente rica e densa.
Era um homem de talentos com um grande coração. Foi professor de educação física, jornalista, fotógrafo free lancer, copy writer de publicidade, assessor de imprensa de espectáculos, produtor e promotor de concertos, manager e agente de artistas e guionista de programas de televisão.
Nos últimos anos, fez várias tournées mundiais como tour manager de Cesária Évora, Lura, Dulce Pontes, entre outros.
No seu blogue pessoal, dizia com humor que “agora apetece-me mesmo é abrir uma pousadinha de charme em São Tomé e ficar por lá a receber os amigos com os pés de molho!” e finalizava dizendo: “Estou maluco, é da idade… ou até pode ser uma boa ideia?!”
A sua última publicação foi publicada há dez dias, no dia 26 de abril e revela bem o espírito humano com que levava a vida, sempre com sabor a humor, mesmo sabendo que lhe faltariam poucos dias de vida.
Nem assim deixou de escrever a sua “última” mensagem cheia de vida, de coração cheio:
“Bom, digamos que este 25 de Abril de 2020 foi… diferente. Não porque estou no Hospital fazendo uma série de testes para ver até onde é possível levar os Cuidados Paliativos para casa, ou seja, ir terminando a viagem no máximo conforto que me possam dar. Não.
Este 25 de Abril foi diferente porque a minha amiga Catarina Gonçalves Taveres lembrou-se que, há 7 anos, estávamos de partida para mais uma aventura em Marrocos. A primeira e inesquecível para ela, à pendura do jipe do Alex. Foi uma viagem onde os Sugos tiveram um papel importante: a Catarina, enfermeira do INEM, enfiou-me 2 pela goela abaixo quando desmaiei após 7 horas sem comer e a dar ao cabedal nas dunas do Erg Chebbi.
Ora, hoje ela veio ver-me e trouxe os Sugos. Que já não me vão acordar para a vida, mas me fizeram feliz. Como feliz vou partir para esta última viagem, por vos ter na minha vida. E, se não fôr pedir muito, feliz gostava que ficassem por ter feito parte das vossas.
Não vou citar nomes – são tantos e tão bons – mas quero que deem uma força aos que talvez mais vão precisar dela, por se esgotarem a dar-ma a mim: Mais Picanino, mana que já levas uns aninhos a aturar-me, filhoto Zé Diogo, que para além de teres feito de mim um pai feliz me fizeste (com a norinha Martocos) um avô baboso do Zé Pedro que vai no meu coração) e Marisinha, companheira dos últimos 10 anos e fortaleza desta viagem. Amo-vos.
Não consigo, mesmo ter força para nomear outros. Alguns já cá não estão, outros terão a força para concretizar algumas missões e aventuras que lhes deixo. E fico-me por aqui, talvez ainda volte à escrita, quem sabe… Dia a dia, jogo a jogo, mas assim ficam ao corrente, todos, que a flor deste meu Abril de 2020 não foram os cravos mas sim… os Sugos! 😄
Fiquem bem!” ❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️