O aumento dos preços da eletricidade na Europa esta quinta-feira, dia 12 de dezembro, atribuído principalmente às importações de eletricidade da Alemanha, gerou indignação em vários países do norte europeu. Na Noruega, o governo está a considerar desligar alguns dos cabos que ligam a rede elétrica nacional ao resto da Europa, numa tentativa de proteger o mercado interno das influências externas. Terje Aasland, ministro da Energia norueguês, descreveu a situação como “absolutamente terrível” e afirmou: “Entendo muito bem que as pessoas estejam revoltadas.”, cita a Executive Digest.
No sul da Noruega, os preços dispararam, com residentes e empresas a pagar mais de 13 coroas (1,12€) por kWh nos períodos de maior procura. Isto significa que um simples banho de cinco minutos pode custar cerca de 4 euros, considerando os valores de mercado. Segundo um analista de energia ouvido pela emissora estatal NRK, “estes preços são mais elevados do que os picos registados durante a crise na Ucrânia.”
Nos últimos dias, a ausência de sol e vento reduziu drasticamente a produção das centrais de energia renovável – como parques eólicos e instalações fotovoltaicas – na Europa Ocidental. Em situações normais, a quebra seria compensada por centrais nucleares, hidrelétricas ou a gás, que garantem a chamada energia de base. Contudo, a Alemanha, que encerrou as suas últimas centrais nucleares na primavera de 2023, perdeu capacidade de produção estável.
Para compensar este défice, que representou quase um quarto do consumo alemão nos horários de pico esta quinta-feira, o país recorreu a importações de eletricidade, o que elevou os preços de mercado. Atualmente, a Alemanha depende de centrais a carvão e de novas turbinas a gás, embora estas últimas estejam atrasadas na sua construção.
Os cabos de alta tensão HVDC Skagerrak, que ligam a Noruega à rede elétrica europeia e têm uma capacidade de 1,7 GW, são a principal ligação do país ao resto da Europa. Estes cabos necessitam de manutenção prevista para 2026, mas o plano poderá ser alterado devido à situação atual.
A crise energética alemã também causou desconforto na Suécia. Ebba Busch, ministra da Energia sueca e vice-primeira-ministra, expressou publicamente o seu descontentamento com a Alemanha, de onde a Suécia importa eletricidade. Busch afirmou que os aumentos de preços no seu país são consequência direta do abandono da energia nuclear por parte da Alemanha. “Se o vento não soprar, este sistema elétrico falhado vai dar-nos preços altos”, afirmou.
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