A duplicação do número de amarrações disponíveis no Porto de Recreio de Olhão não será uma realidade de acordo com o autarca local, António Miguel Pina.
Em declarações ao POSTAL a propósito do projecto de requalificação urbana da frente ribeirinha de Olhão, o autarca esclarece que repensou a sua ideia inicial para o porto de recreio.
António Miguel Pina defendeu em entrevista ao POSTAL, em Dezembro de 201.5 que o porto de Recreio de Olhão deveria passar de 400 para 800 postos de amarração.
“Apresentámos à Docapesca a proposta para duplicar os lugares de amarração [de 400 para 800] e para barcos de maior dimensão e pretende-se, com o concurso que a Docapesca está prestes a lançar, dedicar toda a frente ribeirinha entre a actual marina e o porto de pesca à futura marina” dizia então o autarca.
Na altura António Miguel Pina esclarecia que a solução passaria por “os barcos de pesca artesanal passariam a acostar no porto de pesca, deixando assim livre o espaço de frente ribeirinha que agora ocupam para podermos estender a marina até ao fim dos jardins ribeirinhos, isto é, ao longo de toda a Avenida 5 de Outubro”.
A ideia, que apenas deixava sem ocupação da frente ribeirinha por barcos a zona dos Mercados Municipais, está agora afastada, com o presidente a dizer que foi “sensível aos alertas da sociedade civil e das associações ambientais para a questão da duplicação de postos de amarração poder desvirtuar a zona ribeirinha por excesso de carga de embarcações pondo em causa a vista e o enquadramento da zona mais valiosa da cidade”.
António Miguel Pina esclarece que ponderadas as opiniões das pessoas e de várias entidades sobre a questão vê actualmente de forma diferente a situação. “Não sou insensível a argumentos que se apresentem válidos e este é um desses casos”, diz o autarca que remata, “sou perseverante, mas não acredito ser possuidor de verdades ou razão absolutas”.
As alterações à frente ribeirinha
Entretanto Olhão entra no século XXI no que respeita a urbanismo de frentes ribeirinhas, com uma proposta verdadeiramente revolucionária para o troço de beira-ria que compreende os jardins Pescador Olhanense e Patrão Joaquim Lopes, os mercados municipais, toda a Avenida 5 de Abril e a zona do cais T.
A aposta da autarquia liderada por António Miguel Pina para aproveitar os fundos do Programa Polis Litoral Ria Formosa e assim evitar que estes tenham como destino o retorno aos cofres do Estado, aproveitando também até ao limite o investimento da autarquia no capital da Sociedade Polis (no valor total de cerca de 1,6 milhões de euros), é a de renovar profundamente todo o troço ribeirinho, numa extensão de aproximadamente 700 metros
1,5 milhões de euros de investimento
Ao todo o projecto custará 1,5 milhões de euros e contará com um reforço, da verba neste momento sobejante do capital injectado pela Câmara olhanense na Sociedade Polis, adicional feito pela autarquia de 431 mil euros.
Os grandes objectivos do projecto
O projecto de urbanismo e paisagismo da zona de ouro da frente ribeirinha de Olhão aposta na modernidade e fruição para as pessoas a par da salvaguarda da identidade e do património edificado em toda a frente de ria.
Criar um contínuo coerente entre os dois espaços verdes, dotá-los de infra-estruturas de lazer, reforçar a ligação com a Ria Formosa e optimizar a relação entre as actividades comerciais da Avenida 5 de Outubro e os peões e o trânsito são as grandes linhas directoras do projecto apresentado em Olhão.
O que muda
Na resposta ao desafio de repensar um conjunto urbano que é o cartão postal da cidade cubista, o gabinete de projectistas algarvios encarregado da solução para o projecto introduz ordem e fluidez à área a intervencionar, rasga-a com passadiços diagonais, equipa-a a pensar nas pessoas, dos mais novos aos mais velhos, e preserva os elementos construtivos mais emblemáticos como o coreto, os bancos encimados por azulejos, a estatuária e, claro, os mercados e a sua função primordial que, como realça, o presidente da Câmara “permanecerá intocada, tal como a operacionalidade dos mesmos”.
O conjunto, porque é disso que se tratará no futuro, uma área que permite uma leitura e fruição em verdadeiro continuum, recebe parques infantis diferenciados, espreguiçadeiras deitadas à Ria Formosa, espaços abertos de dignificação dos elementos construtivos fundamentais como a estátua ao Patrão Joaquim Lopes ou os painéis de azulejaria alusivos a Olhão e à sua História.
Mobilidade para os peões
Mais mobilidade para os peões consegue-se no projecto com uma plataforma sem desníveis em toda a área a intervencionar, o que não afasta por completo os carros que poderão circular e estacionar na zona, mas que terão mobilidade mais condicionada, cedendo prioridade aos peões. Por saber fica quantos sentidos terá a Avenida 5 de Outubro na versão final do projecto, o que depende, diz o autarca “de um estudo integrado de mobilidade da zona do centro de Olhão”.
Salvas serão todas as árvores existentes e será mesmo reforçado o efectivo arbóreo total ao mesmo tempo que a relva se abre ao passeante e ganha dimensão, criando um convite a deixar-se envolver pelas diversas soluções arquitectónicas e paisagistas carregadas de modernidade de conforto com recurso a elementos de madeira e ferro e relevos ondulantes a lembrar o mar.
Reconvertidos serão ainda os espaços comerciais existentes nos jardins e reforçada a oferta nesta área com novos espaços e requalificado será o cais T e as bilheteiras para os barcos, além de desaparecer a actual bomba de combustível.
Finalmente, ganham espaço os passeios junto aos restaurantes na Avenida 5 de Outubro e dois miradouros avançam ria afora como a desafiar as águas como desde sempre fazem os olhanenses.