A par do Alentejo, o Algarve tem sido uma das regiões do país com menos casos de covid-19. Contudo, região mais a sul do país é também uma das mais procuradas pelos turistas no verão e o medo de novos contágios aumenta
Em entrevista ao Diário de Notícias, o presidente da Ordem dos Médicos do Sul, revela a falta de médicos crónica da região, que deverá ver-se agravada este ano, em situação de pandemia. Alexandre Valentim Lourenço diz que não existe conhecimento de reforços humanos e que decisões políticas difíceis para a economia podem estar para breve.
Sobre o surto de Lagos, na festa de caráter ilegal, o profissional mostra a sua preocupação e revela ao DN que “se isto é difícil em alguns bairros de Lisboa e em população jovem, transpor para o Algarve pode ser mais preocupante”, uma vez que a população visitante frequentas espaços noturnos e praias com frequência.
Se existirem mais surtos como o de Lagos em Faro ou Portimão, devem ser tomadas medidas mais drásticas e ‘fechar’ portas aos turistas, defende.
A covid-19 é o tema de destaque em Portugal e no mundo, mas continuam a existir outros doentes e falta de pessoal para os tratar. A falta de obstetras, pediatras, anestesistas na região não está ainda resolvida e a dificuldade do ano passado será igual à deste ano.
Alexandre Valentim Lourenço revelou ainda na entrevista que “nós gastámos muito dinheiro em ventiladores, mas esses ventiladores não vão funcionar sozinhos. Puseram-se 500 ventiladores no Algarve, mas se não houver médicos, estes não trabalham”.
O medo da abertura das fronteiras com Espanha é reconhecido pelo presidente da Ordem dos Médicos do Sul, que admite que “a abertura na fronteira do Algarve com Espanha não permite fazer isso [testes à covid-19] e não é só o turismo vindo do estrangeiro de áreas com surtos que é preocupante. Neste momento, há surtos em Lisboa com um número de casos preocupante a nível europeu. E as pessoas que vêm da capital como é que são rastreadas?”.
Portugal regista hoje mais um morto relacionado com a covid-19 do que na quarta-feira e mais 417 infetados, a maioria na Região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A entrevista pode ser lida AQUI.
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